Dívidas ocultas: Ex-banqueiro admite subornos milionários
22 de julho de 2019Segundo a agência financeira Bloomberg, Andrew Pearse, de 49 anos, antigo diretor-geral da instituição financeira suíça, admitiu a culpa no processo de fraude num tribunal federal em Brooklyn, Nova Iorque. O ex-banqueiro do Credit Suisse afirmou ter recebido milhões de dólares no âmbito de um esquema que envolveu 2 mil milhões de dólares (1.781 milhões de euros) em empréstimos a empresas estatais moçambicanas.
Não ficou claro se Pearse está ou não a cooperar com as autoridades norte-americanas. A sua confissão e outros relatos sobre o esquema estão agora sob sigilo. A sua advogada, Lisa Cahill, e Mark Bini, um procurador federal, rejeitaram comentar o assunto no final da audiência.
Pearse é o segundo gestor do banco Credit Suisse a assumir a culpa no processo de fraude e de esquema de lavagem de dinheiro. Detelina Subeva, ex-vice-presidente da unidade financeira global da instituição, tinha confessado em maio o seu envolvimento numa conspiração de 'lavagem' de fundos. A porta-voz do Credit Suisse, Karina Byrne, escusou-se a comentar o caso.
Pearse identifica ProIndicus, MAM e EMATUM
De acordo com a Bloomberg, Pearse, que enfrenta até 20 anos de cadeia, admitiu ter ajudado a arranjar empréstimos bancários a três empresas detidas e controladas pelo Governo moçambicano e ter recebido milhões de dólares em troca.
O ex-banqueiro identificou as empresas envolvidas: Proindicus SA, Moçambicana de Atum SA, ou Ematum, e Mozambique Asset Management (MAM), refere a Bloomberg.
A ProIndicus deveria realizar vigilância costeira, a EMATUM participava na pesca do atum e a MAM visava a construção e manutenção de estaleiros, segundo os procuradores.
O ex-ministro das Finanças moçambicano Manuel Chang, três ex-banqueiros do Credit Suisse e um mediador da Privinvest foram detidos em dezembro a pedido da justiça norte-americana.
A investigação alega que a operação de financiamento de 2,2 mil milhões de dólares (1,97 mil milhões de euros) para criar as empresas públicas moçambicanas durante o mandato do Presidente Armando Guebuza é um vasto caso de corrupção e branqueamento de capitais.
Em fevereiro, foram detidas várias pessoas pela justiça moçambicana - entre as quais próximos do ex-chefe de Estado moçambicano - que tinha o caso aberto desde 2015, mas sem nenhuma detenção.
O país viu cortada a ajuda externa em 2016 depois de reveladas as dívidas.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país está à beira de crescer com o início da exploração de gás natural ao largo da costa Norte (bacia do Rovuma) em 2022 e essas receitas têm sido apontadas como uma solução para pagar a parte dos credores.