Economia sul-africana atingida por ataques xenófobos
11 de maio de 2015Este ano, a Feira Internacional de Turismo INDABA, a maior de África, teve menos participantes do que o habitual. A feira termina esta segunda-feira (11.05) na cidade sul-africana de Durban, o epicentro dos recentes ataques xenófobos. O número de visitantes baixou 10% em relação à edição do ano passado, segundo os dados oficiais avançados pelas autoridades sul-africanas.
Muitos turistas e expositores de Moçambique, do Malawi e do Zimbabué, países de origem das comunidades de imigrantes que foram alvo da onda xenófoba, não participaram na feira. Os Estados optaram apenas pelo envio dos seus ministros do Turismo ou representantes.
Para o académico e analista político de origem alemã André Thomashausen, as ausências não se devem tanto à atual situação de segurança em Durban, trata-se mais de uma questão de princípio. "Os delegados que vêm participar numa Feira Internacional aqui na África do Sul têm toda a segurança que poderiam querer ter", diz Thomashausen. O que eles pretendem, com o gesto, é "demonstrar o seu desagrado e preocupação."
Consequências para economia
O vice-ministro sul-africano do Comércio e Indústria, Mzwandile Masina, diz que o país já perdeu milhares de milhões de rands, a moeda sul-africana, devido aos ataques xenófobos. As autoridades teme que a má imagem provocada pela onda xenófoba afete os investimentos sul-africanos no continente, catalisadores do desenvolvimento no país.
"Uma quebra da boa relação entre a África do Sul e os países vizinhos vai doer à África do Sul. Não só se trata só de proteger a vida e os bens das pessoas que foram cá acolhidas, mas também se trata de interesses vitais: proteger a economia sul-africana em África", afirma Thomashausen.
"Isto é algo que não prestigia a África do Sul", refere, por seu lado, Calton Cadeado, académico e analista moçambicano. "Não podemos associar a redução da performance da economia sul-africana só à questão da xenofobia, mas podemos alargar as perdas da economia sul-africana para outras áreas – por exemplo, do ponto de vista político."
A África do Sul vende cerca de 20 mil milhões de euros em mercadorias a outros países africanos, negócios que criam mais de 160 mil empregos no país.
Segundo o ministro de Desenvolvimento Económico, Ebrahim Patel, devido à xenofobia, vários sul-africanos perderão os seus empregos tal como os vínculos económicos que unem a África do Sul ao resto do continente.