33 ilícitos eleitorais nas primeiras duas semanas
16 de setembro de 2019O Presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Abdul Carimo, disse que a campanha para as eleições presidenciais, legislativas e provinciais de 15 de outubro próximo, iniciada no dia 31 de agosto, registou nos primeiros 15 dias, 33 de ilícitos eleitorais.
Os casos incluem a destruição de cartazes e panfletos, violação da liberdade de reunião, ofensas corporais voluntárias, pancadaria em cruzamentos de caravanas. A campanha resultou ainda em 14 mortos e dezenas de feridos, para além de 29 detidos.
Abdul Carimo descreveu este cenário de preocupante e afirmou que a CNE olha com apreensão para os restantes 28 dias da campanha.
Falta de diálogoPara a plataforma eleitoral da sociedade civil "Sala da Paz" esta situação pode estar na origem da falta de diálogo entre os atores políticos, o desrespeito das normas de segurança e a grande fragilidade das instituições na aplicação da legislação eleitoral, penalizando apenas alguns partidos que cometem infrações. "Mas também temos a forma como os partidos políticos fazem o recrutamento dos seus agentes eleitorais”, afirmou o porta-voz da "Sala da Paz", Dércio Alfazema.
"Estes são mobilizados para agir em função de estímulos imediatos. Quando é assim porque querem apresentar resultados estes desrespeitam a qualquer norma que possa existir."
O porta-voz da Sala da Paz aponta algumas saídas.
"A saída passa por uma melhor orientação dos partidos em relação aos seus membros, simpatizantes e as pessoas que eles estão a contratar para trabalhar nessa campanha. Também passa por melhorar aquilo que são as normas de segurança e é importante também que os partidos passem a ser penalizados em função das infrações que eles próprios cometem, independentemente de quem seja o partido".
Momade acusaEntretanto, na província da Zambézia, o candidato da RENAMO às presidenciais, Ossufo Momade, acusou este domingo (15.09.) membros da FRELIMO de inviabilizarem a sua campanha em alguns pontos do país, como a vila sede de Nicoadala e a autarquia de Milange.
Ossufo Momade afirmou que estas ações comprometem o acordo de paz e acrescentou que vai contatar pessoalmente o Presidente Filipe Nyusi para abordar o assunto.
FRELIMO reage
Reagindo a esta acusação, o porta-voz da FRELIMO, Caifadine Manasse, disse a DW África que "em nenhum momento houve qualquer que seja orientação ( da FRELIMO ) para impedir que a RENAMO faça a sua campanha. A RENAMO está no terreno, tem cobertura jornalística. É preciso repudiar qualquer atitude que está sendo trazida para fazer-se de vítima e poder granjear simpatias."
Caifadine Manasse afirmou ainda que "achamos que o momento de campanha é um momento de festa e gostaríamos de chamar o presidente da RENAMO à razão, o assunto de paz é um assunto que todos nós moçambicanos devemos assumir com muita responsabilidade, não é um assunto que os partidos políticos podem assumir para fazer chantagem."