Eleições na Guiné Equatorial: Obiang lidera contagem
22 de novembro de 2022Teodoro Obiang Nguema Mbasogo lidera a contagem de votos das eleições de domingo (20.11) na Guiné Equatorial, segundo os resultados provisórios divulgados pelo Ministério do Interior na segunda-feira. Até agora, somou 44,2% dos boletins depositados em quase metade das assembleias de voto no país.
Andres Esono Ondo -- candidato do único partido da oposição que não está proibido, a Convergência para a Democracia Social (CPDS) -- surge com 1,34%. O líder do Partido da Coligação Social Democrática (PCSD), Buenaventura Monsuy Asumu, um senador e aliado crónico de Obiang, obteve, até agora, 0,35%.
A divulgação dos resultados oficiais está agendada para sábado. No entanto, já é dada como certa a vitória de Teodoro Obiang para um sexto mandato, após 43 anos no poder. O chefe de Estado de 80 anos tem o apoio de uma coligação de 15 partidos, incluindo o Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), no poder.
O PDGE, que foi o único movimento político legal do país até 1991, detém 99 dos 100 lugares na Assembleia Nacional cessante e todos os 70 lugares no Senado. Nas últimas eleições presidenciais, em 2016, Obiang foi reeleito com 93,7% dos votos.
Fraude e coação
No domingo, Andrés Esono disse ter recebido "queixas de todos os cantos do país", com alegações de "fraude massiva" e irregularidades. O partido da oposição Cidadãos pela Inovação (CI) questionou igualmente a transparência das eleições.
Em entrevista à DW, também o jurista equato-guineense Lucas Olo Fernandes descreve a votação como "fraudulenta e imparcial". O ativista e gestor de um projeto sobre afrodescendência em Portugal diz que não houve transparência nas eleições gerais e denuncia a existência de fraude e coação de eleitores.
"Houve casos de pessoas que votaram em vez de outras, houve casos também em que o voto foi coagido em algumas mesas, porque não se permitiu preencher vários boletins ao mesmo tempo e colocá-los diretamente na urna", afirma.
Segundo o advogado, a maior surpresa foi a forma de votação: os eleitores puderam votar apenas num único partido, tanto para as presidenciais, em que se recandidatava o presidente Teodoro Obiang, como para as legislativas e autárquicas. "Não se tinha a possibilidade de se fazer escolhas diferentes em partidos diferentes. Isto não permite a existência de diferentes partidos numa instituição, o que ajuda no sistema de 'pesos e contrapesos'".
Ainda assim, "o dia decorreu como noutras ocasiões anteriores", afirma. "Viu-se as mesmas irregularidades que limitaram a livre participação dos cidadãos, como por exemplo as detenções, e a forma de tratamento a outros partidos não foi a mesma que se deu ao partido no poder".
Pouco antes das eleições, ativistas dos direitos humanos denunciaram a detenção de dezenas de opositores ao regime de Teodoro Obiang, além de "mortes não explicadas" em edifícios da polícia.