RDC: Estados Unidos impõem sanções a presidente da CENI
23 de fevereiro de 2019Os Estados Unidos anunciaram, esta sexta-feira (23.02), que irão recusar vistos de viagem a cinco altos funcionários da República Democrática do Congo. O anúncio surpresa chega cerca de um mês depois do país liderado por Donald Trump ter saudado a decisão do Tribunal Constitucional congolês, que declarou o líder da oposição, Felix Tshisekedi, como vencedor oficial das presidenciais de 30 de dezembro.
As restrições impostas pelo governo norte-americano envolvem cinco figuras importantes da política congolesa e suas famílias. São elas: Corneille Nangaa, presidente da Comissão Eleitoral Independente (CENI), Norbert Basengezi, vice-presidente da CENI, e Marcelino Mukolo Basengezi, também da CENI. Estão ainda impedidos de viajar para os Estados Unidos, Aubin Minaku Ndjalandjoko, presidente da Assembleia Nacional e Benoit Lwamba Bindu, presidente do Tribunal Constitucional.
"Essas pessoas enriqueceram através da corrupção ou dirigiram e supervisionaram a violência contra pessoas que exerciam os seus direitos à liberdade de expressão", explicou o Departamento de Estado norte-americano, em comunicado, acrescentando que: "eles operaram impunemente às custas do povo congolês e demonstraram um desrespeito flagrante pelos princípios democráticos e pelos direitos humanos".
À Reuters, Corneille Nangaa rejeita as acusações que classifica como "injustas". Posição semelhante toma também Norbert Basengezi que diz não ter sido corrompido e que o que fez for "organizar as eleições que trouxeram a paz ao Congo".
Segundo as agências de notícias, o representantes dos Estados Unidos na região dos Grandes Lagos, Peter Pham, encontra-se atualmente na RDC, naquela que é a sua primeira visita ao país desde que foi nomeado para este cargo.
O candidato Martin Fayulu nunca aceitou os resultadosdas eleições de dezembro, tendo alegado fraude eleitoral. Acusou ainda Tshisekedi de ter feito um acordo pré-eleitoral com o agora ex-presidente Joseph Kabila.
Os Estados Unidos e outros atores internacionais acompanharam de perto a eleição de 30 de dezembro, que marcou a primeira transferência pacífica de poder na RDC, desde a sua independência da Bélgica em 1960.