Luta estudantil encerra universidades
10 de novembro de 2016 A Universidade de Pretória encontra-se encerrada desde setembro. Se não fosse pelas placas que assinalam as especialidades da instituição de ensino, ela poderia ser confundida com um tranquilo jardim botânico.
A universidade fechou as portas depois de se terem intensificado as manifestações por uma educação superior gratuita, na sequência de uma decisão do Governo de autorizar o aumento das propinas. Agora os estudantes não podem entrar no campus sem autorização.
As aulas foram transferidas para o ciberespaço. O estudante de engenharia Nonvula diz que esta solução dificulta o trabalho: "É difícil estudar online quando estamos habituados a estar com alguém que podemos ver e com quem podemos interagir e esclarecer dúvidas. A adaptação foi difícil”. Acresce que Nonvula nem sempre pode assistir às aulas: "Não tenho wi-fi ou acesso à internet para fazer tudo."
Solidariedade estudantil
Para ultrapassarem estas dificuldades, os estudantes apoiam-se uns aos outros. Além de que encontraram no YouTube, um site online dedicado a vídeos, um aliado precioso. Os professores criaram aulas em vídeo. Mas quando há algo muito difícil de compreender, os estudantes viram-se para os especialistas mundiais nas suas áreas.
Segundo o estudante de engenharia eléctrica Herman: "Temos grupos de estudo, nos quais tiramos dúvidas uns aos outros e encontramos métodos de trabalho para perceber coisas que nos deviam ser ensinadas, mas que temos de aprender sozinhos. Costumamos ver vídeos de outras pessoas. Há pessoas que nos habituámos a seguir, que dão tutoriais no YouTube".
Pelo ensino superior gratuito
A maioria dos estudantes, mesmo os que não estão diretamente envolvidos nos protestos, é a favor da educação gratuita. É o caso de Sinbogile e Mpumelelo, que nasceram na era pós-apartheid; são sul-africanas livres. Mas a África do Sul é um dos países mais desiguais do mundo e os estudantes não querem que o ensino gratuito seja uma promessa vazia da democracia sul-africana: "Esta ideia de educação gratuita foi prometida aos nossos pais, há muito tempo. Ainda nem éramos nascidos, por isso é altura de cumprirem com o que prometeram!"
A Universidade de Pretória autorizou um certo número de estudantes a entrar nas suas instalações para exames de fim de ano. Foi uma decisão consciente para evitar que alunos perdessem o ano completamente por não poderem prestar as suas provas. Mas a situação encontra-se num impasse e uma solução para que permita o ensino universitário regular tarda.