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Famílias insatisfeitas com indemnizações da ponte Maputo

Romeu da Silva (Maputo)29 de junho de 2016

As famílias afetadas pela construção da ponte que liga Maputo e Katembe queixam-se do baixo valor das indemnizações e da falta de condições na zona de reassentamento, na região de Tenga, distrito de Moamba.

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A construção da ponte Maputo-Katembe já começouFoto: DW/R.da Silva

Lurdes Sitoe, de 37 anos, arruma os seus últimos bens para ser reassentada na região de Moamba, a 50 quilómetros da capital, e onde as condições deixam muito a desejar. “Não há água, não há energia, não há hospital nem escola”, afirma. “Quando exigimos uma escola, deram-nos um espaço onde temos de ser nós próprios a desbravar a mata. Mas não temos de ser nós a fazer isso, eles é que têm. Cheira-nos a aldrabice.”

Lurdes recebeu cerca de 3 500 euros para poder recomeçar a sua vida longe do bairro da Malanga, em Maputo. “Tiraram-nos daqui e deram-nos terrenos em Tenga, mas lá é só mato. Estamos a sair, mas o dinheiro que recebemos é muito pouco”, diz a moradora, afetada pela construção da ponte que liga Maputo a Katembe.

Ivone João recebeu o mesmo valor que Lurdes para construir a sua nova casa em Tenga. No entanto, afirma que o material de construção e os alimentos são muito mais caros do que na capital moçambicana. “Um saco de cimento cá está a 250 [meticais, cerca de 3,60 euros] e em Tenga temos que comprar a 350 ou 400 [meticais, entre 5 e 5,70 euros]. Um pacote de massa e dois litros de óleo rondam os 60 a 100 meticais (entre 85 cêntimos e 1,45 euros)”, explica Ivone.

Cerca de 920 famílias afetadas pela construção da ponte

O prazo dado pelas autoridades para alguns moradores do bairro da Malanga abandonarem já chegou ao fim, como é o caso de Amade Zauna, de 49 anos. Apesar de não concordar com o valor da indemnização, está contente com os terrenos de Tenga, que diz serem maiores.

Bridge Maputo-Katembe Brücke Brückenbau
Antiga zona residencial, de onde as famílias saíramFoto: DW/R.da Silva

“Acho que nós, do terceiro grupo, fomos lesados. Mas quem decide é o Governo e não temos outra alternativa”, afirma Zauna, que acha que aqueles que “foram em primeiro [lugar] receberam bons valores, mas nós não tivemos a mesma sorte”.

Raul Neto, um dos representantes das famílias afetadas pela construção da ponte diz que os visados saíram satisfeitos com as boas condições que vão ter na região de Moamba. “As pessoas receberam cheques duas semanas antes de saírem e começaram a desmontar as suas casas”, diz. “Algumas reclamam porque não há uma escola ou um hospital próximos. Um vizinho já disse que existe, a cerca de três quilómetros, mas estas famílias estavam habituadas a que aqui estivesse tudo próximo.”

No total, são 920 as famílias reassentadas. No local, a empresa Maputo Sul, responsável pela construção da ponte, garante o abastecimento de água às famílias visadas, enquanto aguardam pela conclusão da abertura de um fontanário. Até ao momento, não foi possível falar com a empresa sobre as queixas das famílias.

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