1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Floresta dizimada na Zambézia, em Moçambique

Marcelino Muéia (Quelimane)5 de setembro de 2014

Na Zambézia, a exploração clandestina de madeira resultou na perda de recursos florestais de rendimento. É esta a conclusão a que chega um estudo de uma associação comunitária ambiental naquela província moçambicana.

https://p.dw.com/p/1D7hE
Foto: imago/Photoshot/Balance

O coordenador da Rede para Ambiente e Desenvolvimento Comunitário na Zambézia, RADEZA, Daniel Maula, diz que o governo pouco faz para proteger as reservas e florestais. Muita madeira de grande valor comercial é abatida ilegalmente e exportada para o mercado asiático e outros países da África Austral.

São recursos naturais que deviam estar a beneficiar a população, mas não é esse o caso, o que pode também criar conflitos nas comunidades, diz Daniel Maula: “As pessoas estão a assistir à saída de recursos para fora”. O ativista realça que há quem esteja a enriquecer indevidamente, através da exploração não licenciada. Por isso a população “tem que reivindicar o direito” ao usufruto dos recursos naturais locais.

A pesquisa recentemente divulgada por esta organização não-governamental local refere que várias espécies de madeira, como o pau-ferro e a mbila, já estão a desaparecer nas reservas da Província da Zambézia, por serem as mais
procuradas pelos criminosos. Maula diz que a Zambézia ficou apenas com os recursos minerais: “Já perdemos o potencial florestal em espécies de exploração”.

Suspeita de conluio dos líderes comunitários

Wasserpfütze auf den Straßen von Quelimane
A população na província da Zambézia não beneficia dos recursos naturais da regiãoFoto: Gerald Henzinger

Entretanto, o Diretor Provincial da Agricultura, Elidio Bande, explicou ser difícil combater o contrabando da Madeira na Zambézia. O responsável acusou os líderes comunitários de serem coniventes no tráfico ilegal da madeira a troco de dinheiro, nos distritos com maior potencial em recursos florestais, nomeadamente Gile, Milange, Mocuba Alto Molocue: ”Se nós usarmos essa exploração ilegal dos recursos, estamos a contribuir para que a gestão desses recursos não seja sustentável. Estamos a dizimar aquilo que devíamos usar pouco a pouco, de tal modo”, para garantir o usufruto sustentável deste recurso.

Por outro lado, Elidio Bande admite uma fragilidade e falta de meios para fiscalizar as zonas mais afetadas, como disse à DW África: “Não é possível termos fiscais em todo o lado”. Banda refere a necessidade de “traçar uma outra estratégia e aplicar outro tipo de meios” para ganhar um maior controlo sobre os recursos.

Apelo à intervenção do Governo

A RADEZA, que congrega várias organizações da sociedade civil na província da Zambézia, chama a atenção às autoridades governamentais para a necessidade de aumentar os esforços de fiscalização, de forma a que os recursos florestais e minerais sejam explorados de forma racional e em beneficio da população. Segundo o coordenador, Daniel Maula, é preciso velar para a que a exploração contribua para o desenvolvimento: “Nós não vamos precisar de investimentos externos para garantir a sobrevivência das comunidades”, diz, desde que o Estado se empenhe na organização e exploração deste recurso já existente.

[No title]