França: Quem é Marine Le Pen?
21 de março de 2017Pela primeira vez na campanha, os cinco principais candidatos presidenciais franceses estiveram todos frente a frente na televisão, esta segunda-feira (20.03). Mas, durante o debate, as críticas, tanto dos candidatos da esquerda parlamentar, como da direita, foram sobretudo dirigidas a uma pessoa: Marine Le Pen.
A candidata da extrema-direita, filha de Jean-Marie Le Pen, fundador do partido Frente Nacional, insistiu na saída da União Europeia e que o uso do burkini em França é um exemplo da "ascensão do Islão radical" no país. Em resposta aos comentários sobre o fato de banho integral, o centrista Emmanuel Macron acusou Le Pen de tentar "dividir a sociedade".
A popularidade do partido de Le Pen cresce há anos. Em 2014, a Frente Nacional venceu as eleições para o Parlamento Europeu - uma ironia, tendo em conta que defende que a França saia da União. Um ano depois, o partido ficou à frente na primeira volta das eleições regionais, embora tenha acabado por perder mais tarde, na volta final, face à oposição dos partidos "tradicionais" em bloco.
Embora ainda não domine as preferências da totalidade do eleitorado, a Frente Nacional conquista cada vez mais credibilidade, observa o especialista Jean-Yves Camus.
"Há cinco ou seis anos, muitos eleitores não diziam aos institutos de sondagens que pensavam votar na Frente Nacional. Hoje são mais francos", afirma Camus. "Por outro lado, a plataforma política não mudou muito face a temas como a 'identidade nacional' ou a 'imigração' e a 'xenofobia'."
O fator Le Pen
A ascensão da Frente Nacional é atribuída, em grande parte, a Marine Le Pen. Aos 48 anos, a candidata presidencial suavizou a imagem do partido que herdou do pai, Jean-Marie Le Pen. E está em vantagem em relação a outros líderes europeus da extrema-direita, sublinha Jean-Yves Camus: "Normalmente, esses partidos são liderados por homens", diz o especialista.
"Agora temos o exemplo de uma mulher que, nos seus 40, lidera um partido de extrema-direita e parece uma mulher moderna, com uma plataforma apelativa não só para homens, eleitores com mais de 65 anos, mas também para mulheres mais jovens", acrescenta Camus.
Este ano, numa entrevista a jornalistas estrangeiros, incluindo à DW, Marine Le Pen perguntou: O que há de mau em ser-se populista?
"O que é populismo? São aqueles que querem defender os Governos de, para e em nome do povo? Se for esse o caso, então aceito ser chamada de populista", disse.
Mas quantos eleitores conseguirá Le Pen convencer até às presidenciais de 23 de abril?
Em 2002, o pai da candidata da Frente Nacional conseguiu chegar à segunda volta das eleições, mas foi depois derrotado por Jacques Chirac. As últimas sondagens sugerem que, este ano, Marine Le Pen vencerá a primeira volta – mas o favorito à vitória na segunda volta é Emmanuel Macron.