Freddy: Cruz Vermelha tenta reunir apoio "em tempo recorde"
14 de março de 2023Centenas de vítimas reclamam fome e outras necessidades, mas a Cruz Vermelha de Moçambique, que apoia o Governo na assistência aos afetados pelo ciclone Freddy, garante que tudo está a ser feito para minimizar o sofrimento.
A organização está envolvida na entrega de alimentos e no saneamento do meio para evitar a eclosão de doenças hídricas.
Em entrevista à DW África, Saimon Bonate, secretário da Cruz Vermelha de Moçambique na província da Zambézia, diz que o grande problema agora são as vias de acesso, que se encontram intransitáveis, dificultando a assistência a algumas vítimas. Há ajuda que está noutras províncias e precisa agora de ser transportada para a Zambézia.
DW África: Que tipo de assistência foi dada até agora às vítimas do ciclone Freddy?
Saimon Bonate (SB): As pessoas que estão nos centros de acomodação estão a receber a assistência imediata, pelo menos para se aguentarem, enquanto esperamos mais [ajuda].
DW África: O que estão a receber concretamente?
SB: Estão a receber géneros alimentícios do Governo - pelo menos, há sinais disso. Nós, como Cruz Vermelha de Moçambique, estamos a fazer atividades de saneamento do meio e sensibilização às famílias. Por outro lado, temos dado bens não alimentares, embora, dependendo de algumas situações, também [entreguemos] alimentos.
DW África: Tendo em conta que muita gente ficou desalojada, que apoio poderá prestar a Cruz Vermelha de Moçambique às pessoas que perderam as suas casas?
SB: Há um grande esforço para fazermos um levantamento e percebermos quais são as necessidades pontuais. À primeira vista, é mesmo o problema da habitação, mas certamente que existem outras necessidades.
Tínhamos stocks pré-posicionados para a Zambézia, mas, com a situação que houve noutras províncias, tivemos de deslocar [esses stocks para as províncias afetadas anteriormente pelas intempéries]. Agora, estamos reorganizar-nos para, em tempo recorde, dar o que for possível.
DW África: Face a essa situação, a Cruz Vermelha de Moçambique conseguirá reorganizar-se para atender às necessidades na província ou precisa, por exemplo, de fazer um apelo à mobilização dos recursos a nível nacional e internacional?
SB: Nós temos armazéns regionais, por exemplo, na província de Sofala. Estamos cientes que alguma coisa poderá vir de Sofala. E estamos próximos de Nampula, certamente alguma coisa virá de Nampula…
DW África: Como está a ser o trabalho no terreno?
SB: Estamos com problemas de transitabilidade. Não se vai para o sul de Nicoadala, por exemplo, ou para Namacurra.
DW África: E como está a situação sanitária neste momento?
SB: Nós já vínhamos com um surto de diarreias agudas e vómitos. Com essas chuvas, provavelmente poderemos ter mais problemas ligeiros de doenças hídricas.