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FRELIMO e MDM disputam a liderança de três autarquias moçambicanas

6 de dezembro de 2011

As eleições municipais de quarta-feira (07.12) em Quelimane, Pemba e Cuamba serão um desafio para a FRELIMO. O MDM é único partido da oposição que concorre. Os eleitos cumprirão um mandato até 2013.

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Apoiantes da FRELIMO reunidos num comício eleitoral de apoio ao Presidente moçambicano e líder do partido Armando Gebuza
Apoiantes da FRELIMO reunidos num comício eleitoral de apoio ao Presidente moçambicano e líder do partido Armando GebuzaFoto: AP

As eleições intercalares de quarta-feira (07.12) em três municípios de Moçambique – Quelimane, Pemba e Cuamba – vão ser escrutinadas por 326 observadores, entre os quais 12 da União Europeia, após a demissão dos três presidentes de câmara representantes da FRELIMO, partido que governa o país desde a independência, em 1975.

Os candidatos vencedores deverão cumprir um mandato de dois anos até à realização das próximas eleições regulares municipais marcadas para 2013.

RENAMO autoexclui-se

A RENAMO, principal força da oposição, boicotou estas eleições por considerar que a demissão dos três autarcas, que deu origem às intercalares, foi "um golpe da FRELIMO". Porém, Jaime Macuane, especialista em política moçambicana, considera que o partido do governo cometeu “um erro de cálculo” ao provocar este ato eleitoral.

Afonso Dlhkama, Presidente da RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique, grande ausente destas eleições municipais intercalares
Afonso Dlhkama, Presidente da RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique, grande ausente destas eleições municipais intercalaresFoto: Ismael Miquidade

“Para além de ter contado com uma certa desorganização da RENAMO, a FRELIMO não estava à espera que o MDM se apresentasse com candidatos que têm uma possibilidade real de vencer”, precisou.

Os autarcas demissionários demitiram-se em bloco da liderança dos três municípios, alegadamente, por a sua gestão estar muito aquém das expetativas do partido que representavam.

O boicote da RENAMO é justificado pelo especialista pela sua “posição enfraquecida”. “O pior que lhe poderia acontecer não seria perder para a FRELIMO mas sim para o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), atualmente o seu adversário mais direto.

Em Quelimane, quarta maior cidade do país, capital da Zambézia, o confronto eleitoral será entre Lourenço Abubacar (FRELIMO) e Manuel de Araújo (MDM), que disputam o voto de mais de 193 mil eleitores para ocuparem o lugar deixado vago pelo anterior autarca, Pio Matos.

Jaime Macuane considera que o candidato Abubacar “beneficia da poderosa máquina política e eleitoral” da FRELIMO, partido que controla o poder a nível nacional. Todavia, adianta que o fato de a FRELIMO já estar há muitos anos no governo da cidade de Quelimane, e de a sua gestão ter gerado críticas dos munícipes, pode provocar “um certo desgaste”.

MDM: A Terceira Via

“Manuel de Araújo (MDM) tem a vantagem de ser jovem e de o eleitorado querer uma mudança. Por outro lado, tem a desvantagem de dispor apenas de dois anos para mostrar que é capaz de mudar as coisas”, disse Macuane.

Bandeira do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), único partido da oposição que disputa as eleições autárquicas de 2011, com a FRELIMO
Bandeira do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), único partido da oposição que disputa as eleições autárquicas de 2011, com a FRELIMOFoto: Ismael Miquidade

O especialista moçambicano admite que “os eleitores que historicamente não votam na FRELIMO, provavelmente votarão no candidato do MDM.”

A circunstância de, em caso de vitória, ter de lidar com um governo central dominado por outro partido poderá ser um fator negativo adicional para o MDM e para o seu candidato, sublinha Macuane.

Em Pemba, com 141 mil eleitores, desenrola-se o único confronto "a três" entre os candidatos Tagir Ássimo (FRELIMO), Ássamo Tique (MDM) e Emiliano Moçambique (PAHUMO),Partido Humanitário de Moçambique.

Em Cuamba, com mais de 187 mil eleitores, a eleição opõe Vicente da Costa (FRELIMO) a Maria Moreno (MDM).

A presença dos observadores internacionais, no entender de Macuane, garante “mais segurança” e limita a possibilidade de “irregularidades que podem pôr em dúvida os resultados eleitorais.

As urnas estarão abertas à votação entre as 07:00-18:00 locais (06:00-17:00 na Alemanha).

Autor: Sansara Buriti
Edição: Pedro Varanda de Castro/António Rocha