Funcionários públicos da Guiné-Bissau em greve
8 de agosto de 2017O Palácio do Governo, onde está concentrada a maior parte dos ministérios, esteve praticamente deserto neste primeiro dia de greve.
O secretário-geral da União Nacional de Trabalhadores da Guiné-Bissau (UNTG), Estevão Gomes Có, disse esta terça-feira (08.08) que a adesão à greve geral da Função Pública para reivindicar um reajuste salarial rondou os 70% e esperava que na quarta-feira fosse ainda maior.
Além da administração pública, os hospitais e centros de saúde do país também estiveram paralisados. "Os três sindicatos do setor de saúde estão em greve. Somos solidários com a greve da central sindical UNGT", afirmou o presidente dos Sindicatos de Enfermeiros, Técnicos de Saúde e Afins, João da Silva, que assegurou que os serviços mínimos estavam a ser garantidos.
Reivindicações
Os funcionários públicos acusam o Governo de não cumprir o memorando de entendimento assinado com as centrais sindicais, em dezembro de 2016, no qual o Executivo de Umaro Sissoco Embaló se comprometia a aplicar, a partir de julho deste ano, o reajuste salarial na Função Pública. A greve ocorre depois da subida, no mercado, dos preços dos produtos da cesta básica no país.
Mas o Governo, na voz do ministro da Economia e das Finanças, desdramatiza a greve. De acordo com João Aladje Fadia, a prioridade não deve ser "unicamente" o pagamento de salários.
"A adesão à greve, pelo menos no meu Ministério, é quase nula. E isso também mostra a credibilidade do próprio sindicato. Quando se faz uma reinvidicação, ela tem de ser justa. As pessoas precisam de se sentir envolvidas porque, afinal, todos querem melhores salários. Mas nós sabemos a situação caótica em que se encontra a nossa administração pública. Há pessoal a mais - é bom que se diga. A fatura salarial da Guiné-Bissau está perto de 4 mil milhões de francos CFA. É insustentável", afirmou.
A União Nacional dos Trabalhadores da Guiné-Bissau, através do Presidente da Comissão Negocial da Greve, Júlio Mendonça, fala, no entanto, em "reajuste salarial" e não em aumento de salários.
"A verdade é que o Governo está a tentar persuadir-nos, de forma verbal, para abdicarmos de nossa reinvicação. Contudo, sem apresentar uma proposta concreta", acrescentou, sublinhando ainda que a central sindical continua "sempre disponível" e "aberta ao diálogo".