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Futebol em Moçambique merece ser reformulado, dizem especialistas

Thais Fascina 2 de julho de 2014

Entendidos em Moçambique mostram-se céticos quanto às possibilidades de desenvolvimento do futebol no país de origem de Eusébio e Coluna. Um sociólogo moçambicano afirma que os "Mambas" vão estagnar nos próximos 20 anos.

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Os "Mambas", seleção de Moçambique; foto de 2008Foto: picture-alliance/dpa

Em tempos de mundial de futebol, os moçambicanos, declarados amantes do futebol, acompanham as seleções mundias que admiram. Pois Moçambique não se conseguiu qualificar. O que se passa com o futebol moçambicano? O que se passa com a federação moçambicana de futebol? Como está a ser desenvolvida a estrutura para o desporto no país?

A DW colocou estas questões ao dirigente da Federação Moçambicana de Futebol, Filipe Johane, que respondeu o seguinte: "Nas últimas duas décadas as coisas não estiveram lá muito bem, mas a tendência é para melhorar. A guerra acabou, a situação económica vai melhorando. Portanto o nosso futebol vai desenvolver-se."

Moçambicanos ainda sonham com craques dos anos 60

O talento do futebol moçambicano já é destaque há muito tempo. Quem não se lembra de Mário Coluna, de Hilário ou de Eusébio, que jogaram na seleção de Portugal em 1966, quando Moçambique ainda era colónia portuguesa?

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Eusébio, depois da morte, continua um símbolo do futebol de Portugal, mas também de MoçambiqueFoto: AP

Esses nomes e outros são lembrados até hoje pelo Adão Matimbe, jornalista desportivo da Rádio Moçambique: "Esta fornada de jogadores saiu de Moçambique e passou para o campeonato de Portugal. Decénios depois não deixam de ser um motivo de orgulho para todos os moçambicanos."

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Mário Coluna, outro "imortal" do futebol moçambicano, mesmo depois da morteFoto: Romeu da Silva

O Estado não investe no desporto

Para o sociólogo e e estudioso do Futebol e Moçambique, Aurélio Rocha, além do atraso por problemas do passado, ainda hoje não há esforço do governo para investir na seleção: "O setor privado faz alguns esforços, vai suportando o funcionamento dos clube, mas o Estado não praticamente não dá apoio. Sente-se uma grande falta de política para o deseporto em Moçambique."

Treinador alemão não deu conta do recado

Nas eliminatórias para o campeonato do Mundo de 2014, que está agora a ocorrer no Brasil, a Federação Moçambicana de Futebol contratou o técnico alemão Gert Engels. Mas o contrato foi rescindido antes mesmo do fim da qualificação para o Mundial, quando Moçambique ocupava o penúltimo lugar do grupo e depois de ter sido goleada pela equipe de Guiné-Conacri, em 2013. Em entrevista à DW, Gert Engels refere que foi a primeira vez que foi técnico de uma seleção nacional, tendo sentido dificuldades em trabalhar com a equipa, principalmente por causa da desorganização:"Tive inúmeros problemas, grandes e pequenos. Queríamos ir a um estágio e não tínhamos hoteis reservados. Queríamos treinar, mas não havia autocarros para transportar os jogadores. Tivemos também problemas com vistos, porque houve atrasos desnecessários. Resumindo: tive que conviver com um monte de problemas!"

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Gert Engels, ex-selecionador, queixa-se que encontrou muita desorganização em MoçambiqueFoto: picture-alliance/dpa

O sociólogo Aurélio Rocha também não considera Moçambique pronta para um Mundial e não vê a equipe na competição pelo menos nós próximos 20 anos: "Isso acontece devido ao estado em que o país se encontra: as dificuldades financeiras. O pais ainda vai precisar de uns anos para se estabilizar."

Os moçambicanos, entretanto, preferem deixar a estatística de lado e continuar a torcer pelos "Mambas".

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