Luanda autoriza protesto pela libertação de ativistas
5 de agosto de 2015A manifestação do próximo sábado (08.08) está a ser organizada pelas mães e familiares dos ativistas detidos desde junho, sob a acusação de estarem a preparar um golpe de Estado contra o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e terá início às 13 horas, no Largo da Independência, no centro de Luanda.
A marcha passará depois pela rua do Primeiro Congresso e terminará no Palácio da Justiça com a entrega de uma petição ao Procurador-Geral da República, João Maria de Sousa, exigindo a libertação imediata dos detidos.
"O tempo está a passar e não ouvimos nada. Todas as mulheres angolanas devem sair à rua no sábado para pedirmos a libertação dos nossos filhos", apela Leonor João, a mãe de Mbanza Hamza, um dos ativistas detidos. "Afinal de contas, somos angolanos para quê? Para sofrer?", pergunta.
Caso tivesse a oportunidade de estar frente a frente com José Eduardo dos Santos, Leonor João diria ao Presidente angolano para libertar os jovens porque estes "não têm armas, só lapiseiras, cadernos e livros". O chefe de Estado "tem de ser um modelo para aconselhar a juventude de amanhã", defende.
"Só queremos pedir a libertação dos nossos filhos, não queremos mais nada", disse também à DW África a mãe do ativista Nito Alves, Adália Chivonde.
Detenções são "camuflagem"
Quem também estará presente na manifestação de sábado é a mulher do jornalista e ativista cívico Domingos da Cruz, o autor do livro "Ferramentas para Destruir o Ditador". O livro é encarado pelas autoridades como sendo o manual de instrução que levaria os jovens ativistas a derrubarem o Governo angolano.
Esperança Gonga refuta as acusações das autoridades, a quem acusa de prestar um mau serviço ao país. Diz ainda que a manifestação servirá para uma vez mais "entoar o grito de liberdade" pelos presos políticos. "Estas detenções foram uma suposta camuflagem porque sabem que estes jovens não queriam preparar nenhum golpe de Estado. Por isso, só temos uma coisa a dizer: libertem-nos já".
Entretanto, o regime de Luanda continua a intimar os ativistas. Na terça-feira (04.08), a ativista Laurinda Gouveia foi notificada pelos Serviços de Investigação Criminal a comparecer nas instalações daquele organismo nesta quinta-feira (06.08), para ser ouvida no processo contra os jovens ativistas detidos. "Não tenho nenhum receio. E não acho que seja um crime fazer parte dessas reuniões, até porque o país é um Estado democrático de Direito", sublinha.