Governo etíope diz ter enviado ajuda alimentar para Tigray
11 de dezembro de 2020A entrega de ajuda destina-se à população de Tigray e aos refugiados eritreus que se estabeleceram na região, no norte da Etiópia, e surge num momento de tensão que se prolonga há duas semanas, depois de Adis Abeba ter anunciado o fim dos combates, em 28 de novembro.
Segundo o Fana BC, órgão de comunicação social filiado ao Governo, anunciou que "apenas o Governo etíope", através da Comissão Nacional de Gestão de Riscos e Catástrofes, está a prestar ajuda a Tigray, noticia a agência France-Presse. Segundo este órgão, "trinta camiões" de trigo chegaram a Makele.
Na noite de quarta-feira (09.12), o secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou a conclusão de um novo acordo entre a organização e a Etiópia. "Temos agora um segundo acordo para missões de avaliação conjunta, relacionadas com as necessidades humanitárias, entre a ONU e a Etiópia", afirmou Guterres, numa conferência de imprensa com o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat.
A UA e a ONU voltaram a apelar para o acesso de ajuda humanitária em Tigray. Moussa Faki Mahamat sublinhou que o acesso de ajuda humanitária é "o mais urgente" neste momento.
ONU: Situação "fora de controlo"
Inicialmente, as Nações Unidas disseram ter obtido acesso a Tigray para ajuda humanitária "sem restrições", mas afirmaram, na quarta-feira (09.12), que não foram capazes de prestar ajuda nesta fase e a situação na região estava "fora de controlo".
No domingo (06.12), uma equipa da ONU constituída por quatro pessoas, que realizaria uma missão de avaliação de estradas a serem utilizadas para o transporte de ajuda humanitária, foi barrada parada pelas forças etíopes.
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, galardoado em 2019 com o Nobel da Paz, não se pronunciou sobre o novo acordo. Abiy Ahmed lançou em 4 de novembro uma operação militar na região de Tigray (norte do país), após meses de tensão crescente com as autoridades regionais da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês).
Desde então, a região tem sido palco de ofensivas militares por ambas as partes, com o disparo de foguetes e de incursões para a captura de cidades. Com as comunicações e os transportes limitados -- ou mesmo cortados --, é difícil conhecer a extensão do conflito na região que conta com seis milhões de pessoas.
O bloqueio levou também a que a região ficasse privada de ajuda humanitária e de mantimentos. Cerca de 50.000 pessoas fugiram dos combates e procuraram refúgio no Sudão.