Governo moçambicano e RENAMO retomam diálogo
25 de maio de 2016Na reunião que começou esta quarta-feira (25.05), em Maputo, o Executivo moçambicano está representado por três membros indicados pelo chefe de Estado, Filipe Nyusi. Trata-de se Jacinto Veloso, da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, Benvinda Levy, conselheira do Presidente da República e ex-ministra da Justiça, e Álvaro Muteque, quadro da Presidência da República.
Do lado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) estão dois dos três deputados nomeados por Afonso Dhlakama: José Manteiga e André Majibire. Eduardo Namburete foi também nomeado, mas está ausente neste encontro.
A RENAMO teria enviado uma carta a Nyusi a 17 de maio, pedindo a criação de condições para o reatamento do diálogo, não ignorando a possibilidade de mediação internacional nas fases posteriores ao trabalho da comissão mista e que tem sido uma das condições impostas por Dhlakama para voltar às negociações.
"Consideramos que há mínimas condições para que essa indicação seja feita, pois o ofício de 17 de maio do gabinete da Presidência da República apresenta uma pequena evolução, ao deixar claro que o grupo vai preparar os pontos para o diálogo, harmonizando os procedimentos e termos de referência", declarou o porta-voz do partido de oposição, António Muchanga.
Negociações paralisadas há meses
As negociações entre o Governo moçambicano e a RENAMO estão paralisadas há vários meses, depois do partido da oposição se ter retirado do processo, alegando falta de progressos e de seriedade por parte do executivo.
Hoje (25.05), a RENAMO acusou o exército moçambicano de estar a dirigir-se para o local onde está instalado Afonso Dhlakama, apelando ao Governo para ordenar o fim da alegada ofensiva.
"Há desdobramento militar na Gorongosa, estando as forças do Governo em Mucodza a dirigirem-se a Sadjundjira, local onde reside o presidente [Afonso] Dhlakama atualmente", afirmou, em conferência de imprensa, o porta-voz do partido, António Muchanga.
A última semana foi marcada por várias ações militares atribuídas pelas autoridades a homens armados da RENAMO, incluindo ataques a viaturas civis e o assassínio de dirigentes da administração local, mas também por ações que o partido de oposição entende serem de intimidação contra os seus membros ou contra a livre expressão em Moçambique.
Ao chegar da sua visita à China, no domingo (22.05), o Presidente moçambicano considerou que o diálogo tem de ser acompanhado pelo fim de ações militares da RENAMO: "O importante primeiro é parar com as armas que matam moçambicanos".
Moçambique tem conhecido um agravamento da violência política, com relatos de confrontos entre a RENAMO e as Forças de Defesa e Segurança, além de acusações mútuas de raptos e assassínios de militantes dos dois lados e ainda ataques atribuídos pelas autoridades ao braço militar da oposição a alvos civis no centro do país.
O principal partido da oposição recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.