População agastada com atraso na ligação Lichinga - Cuamba
9 de dezembro de 2016A estrada Lichinga - Cuamba ainda constitui uma dor de cabeça para os residentes da província do Niassa, que há vários anos pedem obras para asfaltar a ligação entre as duas cidades.
No passado dia 3 de novembro, durante o ato de reinauguração da linha férrea entre as duas cidades, o Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, garantiu, em Lichinga, que as obras começariam ainda no mês passado.
Mais uma vez, a promessa não foi concretizada. Muitos residentes, como Tomás Augusto, questionam as políticas de investimento do Governo: "Qual é o impacto da economia para a província de Niassa, por exemplo do investimento que está ser feito [na ponte] Maputo - Catembe, vão buscar o quê em Catembe? Se Niassa tem riquezas porque que não investem aqui onde há ouro?"
Justino Saíde, outro residente da região, condena o Governo por não cumprir as suas promessas e considera que a situação é alarmante para a vida de Niassa: "Falou e não aconteceu. Nós, como sempre, somos os últimos. Não sabemos se vai acontecer."
Linha férrea apenas testada
Depois da reinauguração da linha férrea Lichinga - Cuamba, em novembro, a população do Niassa respirou de alívio. Mas o otimismo não durou muito tempo: o comboio circulou apenas durante duas semanas. Segundo António Mateus, diretor provincial de transportes e comunicações na província de Niassa, os primeiros comboios foram um ensaio.
A reconstrução da linha foi iniciada em 2014 pelo Corredor de Desenvolvimento do Norte, com um custo de cerca de 90 milhões de euros. O Corredor de Desenvolvimento do Norte é detido pela Sociedade de Desenvolvimento do Corredor de Nacala, com 51%, e uma participação de 49% dos Caminhos de Ferro de Moçambique, empresa pública.
O diretor provincial de transportes de Niassa, António Mateus, afirma que, em novembro, o Corredor de Desenvolvimento do Norte queria mostrar ao povo que a linha já está operacional e que o comboio voltaria a circular de forma definitiva no dia 4 de dezembro do presente ano. Mas isto não aconteceu, porque a estação de Lichinga continua vazia.Mateus explica que "a circulação do comboio visava avaliar a consistência do equipamento no terreno para corrigir defeitos ao reclamar junto do empreiteiro, a Motagil. Então, tinha que se arranjar comboio. E em vez de andar vazio, porque a linha férrea vai servir a província de Niassa e existiam cá as carruagens de passageiros a CDN, foi usado para transportar as pessoas. Isso dá um sinal de que o comboio está presente e vai começar a andar."
Para Justino Saíde, residente no Niassa, a paralisação da circulação do comboio em Lichinga retira todas as expetativas ao povo: "Já estavamos habituados, embora por pouco tempo, a ideia de que temos a linha e tudo mais, havia pessoas que saiam daqui no sábado para Cuamba e regressavam no domingo, aproveitavam para visitar a família e carregar coisinhas, comida que aqui está cara. Mas de repente para assim, é uma coisa que nos preocupa."