Greve: Governo são-tomense promete abastecer setor de saúde
9 de novembro de 2021"Conseguimos encontrar rapidamente hoje soluções para algumas carências gritantes que temos no sistema, mas muito particularmente para o Hospital Doutor Ayres de Menezes. Esperemos que, até antes da próxima semana, encontremos várias dessas carências supridas", disse o diretor da unidade de saúde, Américo Pinto, após um encontro, na segunda-feira (08.11), com membros do Governo e diretores de instituições ligadas ao ministério.
A reunião surge três dias depois dos profissionais da saúde anunciarem a paralisação geral do setor, a partir de 22 de novembro, por falta de condições de trabalho, medicamentos e consumíveis.
Segundo Américo Pinto, o encontro das direções com o Governo "vai permitir suprir a carência de alguns consumíveis e medicamentos", tendo avançado que o Governo garantiu a aquisição para breve de antipalúdicos e injetáveis, antidepressivos, desinfetantes, fios de suturas entre outros conteúdos.
"Conseguimos encontrar um mecanismo de resposta mais adequado com a celeridade que a situação exige, para que nos próximos dias, se não houver problemas de transportes, no próximo voo já estejam cá", disse Américo Pinto.
"Falta de sensibilidade" dos políticos
O responsável do Hospital Ayres de Menezes considerou que as sucessivas ruturas de materiais e consumíveis no setor da saúde, não resultam da "falta de abertura", nem na "falta de sensibilidade" dos decisores políticos.
"Nós temos uma lei que não ajuda", precisou, referindo que "o assunto já foi aflorado várias vezes nos encontros", mas "hoje houve a decisão para se criar uma comissão para trabalhar no sentido de fazer propostas concretas nos pontos que estrangulam um processo mais célere de aquisição" de medicamentos e consumíveis para o sistema de saúde, explicou.
Quanto ao pré-aviso de greve anunciado pelos profissionais do setor de saúde na sexta-feira, Américo Pinto avançou que "os sindicatos do ministério da saúde irão remeter um caderno com as suas reivindicações e é com base nessas reivindicações que se irá desencadear um processo de auscultação e negociação para se encontrar uma solução airosa para o sistema nacional de saúde".
Falta de condições de trabalho
Na sexta-feira (05.11), os profissionais da saúde exigiram credibilidade ao Governo na resolução das "reivindicações de sempre" que a classe tem apresentado, tendo citado "as condições de trabalho" e "a falta de medicamentos e consumíveis", bem como a falta de energia, que, nos últimos tempos, também se tem tornado outro constrangimento para o exercício das atividades no hospital.
"Dá-nos essas mínimas condições para trabalharmos com dignidade" apelou, a porta-voz dos sindicatos dos profissionais de saúde, Benvinda Vera Cruz, afirmando que a falta de condições "já começa a stressar" os profissionais que acabam por ser considerados "os culpados" e "crucificados por tudo" de mal que o sistema
O primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, considerou que "nesta fase marcada pela pandemia há muita demanda, mas a capacidade de resposta, sobretudo em termos financeiros" não permite ao Governo "resolver tudo ao mesmo tempo", tendo defendido que o diálogo tem que prevalecer".