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Greve nas universidades: "É o país que fica prejudicado"

12 de maio de 2023

Professores do Ensino Superior acusam Governo de recusar negociar o fim da greve que dura há três meses nas universidades públicas. A paralisação vai manter-se até final de maio. Estudantes dizem-se lesados.

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Protesto estudantil no Dondo (Foto de arquivo)Foto: Antonio Domingos/DW

Os professores das universidades públicas de Angola continuam à espera que o Governo apresente propostas satisfatórias face às suas reivindicações. As negociações estão suspensas desde novembro de 2022.

À DW, o secretário-geral do Sindicato dos Professores do Ensino Superior, Perez Alberto, anunciou o prolongamento da greve.

"Não é culpa dos professores e nunca foi também nossa intenção fazer uma greve prolongada. Portanto, como a sociedade pode ver, realizámos uma assembleia-geral, concedemos uma moratória ao Governo para que até ao dia 11 [de maio] negociasse para interpolar a greve hoje, mas não é possível porque o Governo mantém-se em silêncio", disse

Angola | Perez Alberto
Perez Alberto, secretário-geral do Sindicato dos Professores do Ensino SuperiorFoto: Borralho Ndomba/DW

"Significa que a greve será interpolada no dia 27 de maio por imperativo legal", acrescentou.

Perez Alberto explica que depois da interpolação, os docentes vão trabalhar apenas 30 dias.

Questionado sobre a possibilidade do cancelamento do ano letivo, o sindicalista respondeu: "Nós, os professores, estamos a trabalhar ao máximo para que o ano académico não esteja em risco. Essa nossa boa vontade é profissional e também humana, deveria ser respeitada pelo Governo, mas este mantém-se em silêncio", criticou.

Reivindicações

Os grevistas defendem um salário de 2,6 milhões kwanzas (cerca de 4.600 euros) para os professores catedráticos e um 1,2 milhões de kwanzas (2.162 euros) para os professores estagiários. Para além do salário, os professores reclamam seguro de saúde e aumento das verbas para a área da investigação científica.

Angola | Yolanda Domingos
Yolanda Domingos, presidente da Associação dos Estudantes da Universidade Agostinho NetoFoto: Borralho Ndomba/DW

Segundo a professora da Faculdade de Ciências Sociais Palmira Benguela, a verba alocada para investigação não serve para "nada".

"Será que a ministra [Maria do Rosário Bragança], depois de terminar o mandato, terá a coragem de voltar a ser nossa colega? Quem são os nossos colegas que estão no Executivo a aconselhar o Presidente da República?", questiona. "Estão a destruir o Ensino Superior", lamenta.

Yolanda Domingos, presidente da Associação dos Estudantes da Universidade Agostinho Neto, diz que os estudantes são as principais vítimas do conflito entre os docentes e o Executivo.

Greve nas universidades: "É o país que fica prejudicado"

"Enquanto estudantes universitários, temos um papel que é contribuir para a resolução dos problemas sociais. Quanto mais vão afastando o nosso projeto de terminar a nossa formação e podermos dar a nossa contribuição ao país, não são somente os estudantes das universidades públicas que acabam sendo prejudicados por esta situação. É o país em geral que fica prejudicado", alerta.

Francisco Teixeira, presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), não acredita que o Executivo atenda à petição dos grevistas.

"Se o Governo tivesse compromisso com o ensino público e o desenvolvimento do país, já teria resolvido. Mas não acredito muito, olhando para o tipo de governantes que temos", concluiu.