Data das legislativas guineenses será cumprida?
12 de setembro de 2018Numa reunião de mais de três horas, o chefe do executivo guineense, Aristides Gomes, explicou esta quarta-feira (12.09) aos partidos políticos com assento parlamentar os atrasos no recenseamento eleitoral, que antecede as legislativas marcadas para 18 de novembro.
Recorde-se, que o recenseamento eleitoral, que devia ter começado a 23 de agosto, ainda não arrancou devido a atrasos na chegada dos 'kits' de registo biométrico.Em declarações à DW-África, Allen Sanka, responsável do Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GETAPE) disse que os Kits ainda estão na Nigéria e que os técnicos vão precisar de formação para atualização dos softwares. Quanto à questão se a GETAPE estará em condições de cumprir a data de 18 de novembro, Allen Sanka remete a resposta ao Governo.
"Estamos a aguardar a chegada de 150 kits provenientes da Nigéria. Em função desses kits vamos utilizar 136 ao nível nacional e 14 para a diáspora, incluindo a Alemanha. Já fizemos a seleção dos técnicos, agora só faltam a chegada dos equipamentos".
Sanka não soube contudo precisar para quando chegam os Kits, embora afirme que tudo esteja pago e falta apenas o envio por parte das autoridades nigerianas, que poderá acontecer a qualquer momento.
Questões burocráticas
Á saída do encontro Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) disse aos jornalistas que "nós ouvimos explicações nos atrasos que se têm registado não só na chegada dos kits ao país, mas no próprio início do processo de recenseamento e essas explicações apontam para o facto de já só serem questões burocráticas que estão a atrasar a saída dos kits".Domingos Simões Pereira disse que se espera que os 'kits' possam estar no país "nas próximas horas" e que o PAIGC recebeu garantias do Governo de que será apresentado um novo cronograma eleitoral assim que aqueles aparelhos de registo biométrico dos eleitores se encontrarem na Guiné-Bissau.
"Nós aproveitamos para exortar os nossos colegas dirigentes de partidos políticos para não fazer uso em termos de tirar benefícios. É preciso ter algum 'fair play' e reconhecer que este Governo é uma consequência do bloqueio político que se estabeleceu no país e portanto basta de jogar vantagens partidárias", acrescentou Domingos Simões Pereira.
Para o presidente do PAIGC agora é preciso criar "condições objetivas para a ida às urnas no prazo mínimo possível para esse efeito".
Novo cronograma?
Lembramos que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau defendeu na última sexta-feira (07.09), em comunicado à imprensa, um novo cronograma eleitoral por causa da lei sobre a inalterabilidade dos cadernos eleitorais.Também o vice-presidente do Partido de Renovação Social (PRS), Certório Biote, disse aos jornalistas à saída da reunião com o primeiro-ministro que se aguarda a chegada dos 'kits' para ser feita uma atualização do cronograma eleitoral. "Depois de recebermos os 'kits', o Governo vai analisar e propor um novo cronograma", disse.
Questionados sobre a possibilidade de as eleições serem adiadas, ambos os dirigentes políticos afirmaram que primeiro é preciso os 'kits' de recenseamento biométrico chegarem ao país e só depois essa possibilidade poderá ser analisada.