Guiné-Bissau à espera de fundos prometidos para legislativas
28 de agosto de 2018O chefe do executivo guineense Aristides Gomes, vai discursar na reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para pedir à comunidade internacional para acelerar o desbloqueamento de fundos para as eleições legislativas no país, marcadas para 18 de novembro.
Aristides Gomes, que está em Nova Iorque desde segunda-feira (27.08) e vai intervir quinta-feira (30.08) na reunião do Conselho de Segurança sobre a Guiné-Bissau irá falar sobre os preparativos para as legislativas e pedir para que o financiamento prometido pela comunidade internacional seja rapidamente disponibilizado para que o escrutínio se realize na data prevista.
Outro assunto a abordar pelo primeiro-ministro guineense no Conselho de Segurança da ONU, será o pacto de estabilidade, a ser assinado entre os principais atores políticos do país.Aristides Gomes, que regressa sexta-feira (31.08) à Guiné-Bissau, deverá também reunir-se com o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Recorde-se, que a Guiné-Bissau tem eleições legislativas marcadas para 18 de novembro, mas vários partidos políticos têm manifestado alguma incerteza quanto à realização do escrutínio naquela data. O recenseamento eleitoral foi oficialmente lançado pelo primeiro-ministro na quinta-feira (23.08), mas na prática não começou devido à falta dos 'kits' para registo biométrico dos eleitores.
Na cerimónia, Aristides Gomes, afirmou que têm existido dificuldades, que são "inerentes a um processo organizado por um Governo que não tem o controlo efetivo de todos os parâmetros do processo de organização das eleições legislativas".
"Em todo o processo há sempre uma previsão e a previsão tem as suas margens de erro. A margem de erro depende do controlo sobre os parâmetros que participam neste processo. Neste caso concreto, como eu disse, há parâmetros fundamentais que agem naturalmente fora do controlo do Governo a começar pelo financiamento", afirmou o primeiro-ministro guineense.
Sociedade civil guineense apela ao desbloqueio de fundos
O Grupo das Organizações da Sociedade Civil para as Eleições na Guiné-Bissau pediu esta terça-feira (28.08), em comunicado, à comunidade internacional para acelerar o desbloqueamento de fundos para o processo eleitoral e ao Governo para definir um novo cronograma.Segundo o grupo destas organizações, o lançamento oficial do recenseamento eleitoral não começou efetivamente e caso a situação não seja "imediatamente" resolvida pode "contribuir para o comprometimento do sucesso do processo eleitoral".
A sociedade civil considera que o recenseamento eleitoral foi oficialmente lançado "sem condições técnicas, operacionais, materiais e financeira para que as pessoas possam realizar os seus registos".
No comunicado, o grupo daquelas organizações apela ao Governo para suspender a campanha sobre o início do recenseamento nos órgãos de comunicação social e para convocar o Parlamento, partidos políticos, sociedade civil e todos os parceiros internacionais para "definir um novo cronograma eleitoral" e só depois anunciar o efetivo início do recenseamento.
CNE também pede desbloqueamento de fundos
A Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau (CNE) também pediu na semana passada (24.08) "urgência" ao Governo no desbloqueamento de fundos, caso contrário a data das eleições, previstas para novembro, poderá estar comprometida.
Numa declaração à imprensa, realizada na sua sede em Bissau, a porta-voz daquele organismo, a juíza Felisberta Moura Vaz, afirmou que a "CNE continua preocupada pelos sistemáticos atrasos e ou adiamentos verificados no desbloqueamento de fundos para fazer face às diferentes situações e responsabilidades que lhe são próprias e inadiáveis".A juíza referia-se à instalação e funcionamento das Comissões Regionais de Eleições e à aquisição de "meios logísticos indispensáveis ao exercício pleno da sua função de supervisão do processo de recenseamento eleitoral".
Perante a falta de financiamento, a CNE solicitou ao Governo o "desbloqueamento com carácter de urgência de fundos requisitados pela Comissão Nacional de Eleições, relativa à primeira tranche, deliberado em reunião do Conselho de Ministros do passado dia 13".
Na declaração, a CNE exortou também a comunidade nacional e internacional, de que se "continuarem a persistir dificuldades no desembolso dos meios indispensáveis em tempo útil", o cronograma eleitoral pode ser posto em causa e "indesejavelmente comprometer a data das eleições".
Na declaração à imprensa, a porta-voz disse também que a "CNE se reserva ao direito de declinar todas as responsabilidades delas decorrentes".
A CNE reafirmou também a sua determinação em colaborar com o Governo para encontrar soluções para a realização de eleições legislativas na data prevista.