Guiné-Bissau: Pressão para nomear novo primeiro-ministro
21 de outubro de 2016A comunidade política e económica internacional está a pressionar o Governo da Guiné-Bissau para o anúncio do novo primeiro-ministro. O Presidente da República, José Mário Vaz, afirmou esta quinta-feira (20.10) que a nomeação aconterá na próxima semana.
Entretanto, o Conselho de Segurança da Ogranização das Nações Unidas (ONU) e o Banco da África Ocidental também se manifestaram, inclusive criticando a crise política na qual ainda se encontra o Estado guineense. O apelo feito pela ONU diz que José Mário Vaz tem de proceder "à nomeação do primeiro-ministro consensual o mais cedo possível".
A pressão veio à tona após reunião do Conselho de Segurança com o líder do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, Modibo Ibrahim Touré, sobre os mais recentes desenvolvimentos no país.
No final, o Conselho de Segurança da ONU apelou à total e atempada implementação do acordo para a formação de um Governo inclusivo no país.
Instabilidade política
Além da ONU, o presidente do Banco da África Ocidental (BAO), o maior banco na Guiné-Bissau, também se manifestou em relação à situação do país, considerando que o povo guineense "merecia outra elite política".
"O país tem um enorme potencial, tem uma incerteza continuada no contexto político, mas tem uma absoluta estabilidade social", disse Diogo Lacerda, lamentando a frequente instabilidade política.
Diogo Lacerda continou a dizer que "o povo da Guiné-Bissau merecia outra elite política; tem uma capacidade extraordinária de conviver entre si”. Segundo o presidente do BAO, "quem olha para o presente percebe que a instabilidade é estrutural, há um grande risco, mas também há um grande prémio para os empresários que queiram arriscar e explorar um espantoso mundo de oportunidades", acrescentou.
Nomeação em breve
Apesar das pressões internacionais, o Presidente guineense, José Mário Vaz, anunciou nesta quinta-feira que o primeiro-ministro do novo Governo de consenso da Guiné-Bissau vai ser anunciado na próxima semana.
Antes desta nomeação, José Mário Vaz diz que vai reunir-se com os responsáveis dos órgãos de soberania, partidos políticos e elementos da comunidade internacional e da sociedade civil. De acordo com Vaz, os procedimentos para a escolha do primeiro-ministro e a consequente formação de um Governo de consenso não são um processo que dependa apenas do chefe de Estado, mas também das demais forças vivas do país.
"O Presidente tem um papel importante, mas [o processo] não depende só dele, depende de todos os órgãos de soberania e de todas as partes implicadas neste processo. O Presidente está apenas a cumprir com o compromisso assumido entre as partes", defendeu.
O líder guineense disse ser sua vontade que tudo fique esclarecido em relação à escolha de um primeiro-ministro e novo Governo antes da sua partida para a cimeira dos chefes de Estado da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que terá lugar no final do mês em Brasília.
"Gostaria de levar uma posição mais clara sobre o que se passa no país e o que foi feito pelos guineenses", enfatizou Mário Vaz, apelando aos dois principais partidos no Parlamento para se entenderem, nomeadamente o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o Partido da Renovação Social (PRS).