Guiné-Conacri: Tribunal confirma reeleição de Alpha Condé
7 de novembro de 2020A decisão do Tribunal Constitucional foi anunciada este sábado (07.11). Dessa forma, confirma-se que Alpha Condé foi reeleito para um polémico terceiro mandato como Presidente. O seu rival mais próximo, o líder da oposição Cellou Diallo, contestou o resultado e alegou que os votos foram adulterados.
Na contagem oficial da comissão eleitoral, Cellou Diallo aparece com 33,5% dos votos. Mas o homem de 68 anos insiste que os dados que os membros do seu partido coletaram nas assembleias de voto mostram que ele ganhou a votação de 18 de outubro e é vítima de "fraude em grande escala".
Enquanto observadores de outros países africanos apoiam os resultados oficiais, França, União Europeia e Estados Unidos lançaram dúvidas sobre eles.
Casa do opositor bloqueada
Diallo já havia alegado antes da decisão deste sábado que o Tribunal Constitucional estava em dívida com o Condé. Pouco antes do anúncio da justiça, a casa de Diallo foi cercada pelas forças de segurança.
Pesados veículos antimotins bloquearam a estrada que leva à casa do político da oposição, nos subúrbios da capital, Conacri, enquanto as forças de segurança mantinham os apoiadores de Diallo à distância. O líder opositor havia planeado uma conferência de imprensa para o início da tarde.
Entretanto, não há possibilidade de a oposição apelar da decisão do Tribunal Constitucional, deixando o caminho livre para o Presidente iniciar um novo mandato de seis anos - com a opção de um segundo, de acordo com a nova Constituição introduzida em março.
Onda de violência
Mesmo antes das eleições, o anúncio de uma nova candidatura do Presidente Alpha Condé desencadeou meses de manifestações e violência que ceifaram dezenas de vidas, quase todas civis.
Condé havia dito em março que a nova Constituição foi projetada para "modernizar" as instituições do país e oferecer um papel maior para grupos como mulheres e jovens. Mas os líderes da oposição chamaram-lhe "golpe de Estado".
Os confrontos entre as forças de segurança e os apoiadores de Diallo após a eleição foram novamente fatais, com a oposição dizendo que 46 pessoas foram mortas numa "onda de terror", enquanto o Governo estima o número de vítimas seja 21, incluindo alguns polícias.
A Amnistia Internacional acusou as forças de segurança guineenses de disparar contra os manifestantes durante os distúrbios pós-eleitorais. Mesmo assim, a oposição afirmou que manterá a pressão sobre o Condé com protestos.