Guiné-Bissau em crise, mas não no futebol
7 de junho de 2016Num país em plena crise política, os Djurtus - como são conhecidos os futebolistas da seleção nacional da Guiné-Bissau – garantiram um lugar na Taça das Nações Africanas 2017 (CAN).
Diante da instabilidade política
A Guiné-Bissau conseguiu um feito inédito numa altura em que a proclamação da força da união da nação guineense é posta em causa.
No último domingo (5.06.), o país garantiu um lugar na edição 2017 da Taça das Nações Africanas, face ao desaire do Congo no Quénia, por 2-1, em encontro da quinta e penúltima jornada do Grupo E.
O comentador desportivo, Edgar Carlos Pires, mostra-se satisfeito. Ainda mais que, no início, muitas pessoas tinham sérias dúvidas se isso seria possível, disse ele à DW África: “porque no mesmo grupo calharam seleções como a Zâmbia, já conhecida campeã de África; e também a formação congolesa”.
"Diante da instabilidade política crónica, os Djurtus mostraram que esse é um momento de os guineenses reafirmarem que a união é mais forte e coesa do que qualquer partido político, grupo étnico, religião ou facção", diz o comentador desportivo, Edgar Carlos Pires.
“Isso vem demonstrar que, apesar de todo esse cenário lamentável, os jogadores da Guiné-Bissau demonstraram ter valor com todas as dificuldades. Eles impuseram respeito e conseguiram esse feito histórico para o país, o que vai de certeza marcar a África”, acrescentou.
No último sábado (04.06.), a Guiné-Bissau bateu a Zâmbia por 3 a 2, com golos de José Luís Lopes, aos 14 minutos, de grande penalidade; Frederic Mendes, aos 35, e Toni Brito, já nos descontos, aos 90+3. Depois do triunfo sobre a Zâmbia, os Djurtus precisavam apenas da derrota do Congo para o Quénia para festejar.
A entrada de Guiné-Bissau na CAN pela primeira vez foi celebrada de forma espontânea nas ruas de Bissau, com pessoas reunidas a levantar bandeiras do país e a entoar cânticos de apoio à seleção.
Daqui para frente
A uma jornada da final, a formação guineense soma 10 pontos, contra seis do Congo e da Zâmbia e quatro do Quénia.
O analista Carlos Pires prevê muita ansiedade, dificuldade e euforia à volta da seleção nacional nos próximos tempos.
“Por parte da organização, espera-se um trabalho sério, forte e antecipado, pois estamos a seis meses da competição, onde se espera que os jogadores da Guiné-Bissau representarão as cores nacionais à altura. Essa é a primeira aparição deles nesse palco grande. Eles vão querer, de certeza, fazer uma boa apresentação para orgulhar, uma vez mais, os guineenses e fazerem-se respeitar no mundo do futebol”.
O Governo da Guiné-Bissau prometeu medalhas de honra para "homenagear os chamados heróis nacionais", disse Vitor Pereira, o novo ministro da Comunicação Social, à DW África.