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Guiné-Bissau: Nabiam acusa Sissoco de querer desviar atenção

nn | Lusa
15 de setembro de 2024

O ex-primeiro-ministro guineense Nuno Nabiam afirmou que o Presidente Sissoco Embaló pretendia "desviar a atenção por causa da droga" apreendida no aeroporto quando afastou a hipótese de se recandidar à Presidência.

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Nuno Gomes Nabiam (à esquerda) e Umaro Sissoco Embaló (à direita), em fotos de novembro de 2021
Nuno Gomes Nabiam (à esquerda) e Umaro Sissoco Embaló (à direita)Foto: Ludovic Marin/AFP/Braima Darame/DW

"Ele quer desviar a nossa atenção em relação ao problema real que a Guiné-Bissau enfrenta hoje que é a droga", defendeu Nabiam, em declarações aos jornalistas à saída de uma reunião da Comissão Política da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB).

Na última terça-feira (10.09), Umaro Sissoco Embaló disse que tinha tomado a decisão de não se recandidatar para um segundo mandato presidencial, seguindo um conselho da sua mulher, posição da qual se retratou entretanto.

"É uma decisão tomada ouvindo a opinião da minha mulher, que é a minha primeira família", declarou Umaro Sissoco Embaló à saída da reunião do Conselho de Ministros por si presidida.

O Presidente da Guiné-Bissau afirmou, no entanto, que não será "substituído nem por Nuno Nabiam, nem por Braima Camará, nem por Domingos Simões Pereira".

"O Presidente está a tentar desviar a nossa atenção, porque certamente deve estar a ser aconselhado lá fora de que não se deve recandidatar. Não é a mulher dele que lhe disse isso. Ele está a ter pressão internacional para não se recandidatar", observou Nabiam.

O líder da APU-PDGB defendeu que "o verdadeiro problema da Guiné-Bissau é a droga".

No passado dia 07, a Polícia Judiciária guineense, em colaboração com diferentes agências internacionais de combate aos narcóticos, apreendeu, no aeroporto de Bissau, uma aeronave carregada com mais de 2,6 toneladas de cocaína.

A PJ guineense adiantou que o aparelho provinha da Venezuela, embora as autoridades daquele país tenham dito que o avião nunca pisou o seu solo.

O ex-primeiro-ministro guineense rebateu as críticas de pessoas que acusam aqueles que trazem à praça pública as apreensões de droga na Guiné-Bissau, alegando que isso não acontece noutros países.

"Naqueles países onde a droga é apreendida e ninguém fala do assunto são países com leis onde as instituições do Estado funcionam normalmente, Polícia Judiciária, tribunais, todas aquelas estruturas do Estado responsáveis são deixadas para que trabalhem no assunto", defendeu Nuno Nabiam.

O político exortou as estruturas estatais, nomeadamente a Presidência da República, a afastarem-se das investigações da droga apreendida no aeroporto, que se encontram nas mãos da Polícia Judiciária e da DEA (Drug Enforcement Administration, agência federal norte-americana de combate à droga).

"Quando a droga é apreendida vemos a Presidência da República a dar conferência de imprensa para dizer que felicita a DEA na sua luta contra a droga no nosso país. Isso não é da competência da Presidência da República", destacou Nuno Nabiam.

No entanto, Nabiam afirmou que, "embora as interferências da Presidência possam complicar" as investigações, "os americanos sabem quem está envolvido no negócio" da droga trazida para a Guiné-Bissau por um avião que já veio ao país "várias vezes".

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