Guiné-Bissau: Violações dos direitos humanos na pandemia
13 de abril de 2020Entre os casos registados pela Liga Guineense dos Direitos Humanos estão denúncias de espancamentos, cobranças ilícitas e violações graves dos direitos humanos perpetrados pelas forças de segurança, "sem que tenham sido responsabilizadas".
Num comunicado divulgado no Facebook, no fim de semana, a Liga Guineense dos Direitos Humanos condena aqueles atos e exige ao Ministério do Interior a "abertura de inquéritos céleres e transparentes, tendentes à responsabilização disciplinar e criminal de todos os seus agentes, que se têm aproveitado do estado de emergência para lançar medo e terror junto da população".
O caso mais recente, segundo a organização guineense, ocorreu em São Domingos, no norte do país, quando as forças de segurança obrigaram uma família, que estava debaixo de uma árvore, na sua propriedade, a abandonarem o local. O ato culminou com violência física com registo de dois feridos.
A Liga Guineense dos Direitos Humanos refere que as vítimas foram obrigadas a pagar uma multa de 15 euros, "para além de terem sido ameaçadas com um novo espancamento se denunciassem o ocorrido".
"A esquadra da polícia de São Domingos, na pessoa do seu comissário, tem sido referenciada em atos de cobranças ilegais e intimidações sistemáticas dos cidadãos", acrescenta a organização.
Medidas de prevenção
No âmbito do combate ao novo coronavírus, as autoridades guineenses declararam o estado de emergência, que foi renovado sábado até 26 de abril, bem como o encerramento das fronteiras aéreas, terrestres e marítimas na Guiné-Bissau.
Essas medidas foram acompanhadas de uma série de outras restrições à semelhança do que está a acontecer em vários países do mundo. Uma das restrições só permite que as pessoas circulem entre 07h e as 11h locais.
Número de infetados aumentou
Entretanto, as autoridades de saúde na Guiné-Bissau elevaram esta segunda-feira (13.04) para 40 o número de casos de infeção pelo novo coronavírus no país.
Segundo o médico Tumane Baldé, do Centro Operacional de Emergência em Saúde (COES), nas últimas 17 análises realizadas uma deu positiva. "Em suma, nós temos 40 casos confirmados", afirmou Tumana Baldé, na conferência de imprensa diária do COES.
O médico disse que o novo caso foi confirmado num homem de Bissau. "O novo caso está clinicamente estável", afirmou Tumane Baldé.
Dos 40 casos confirmados, três já foram dados como recuperados pelas autoridades de saúde da Guiné-Bissau.
As autoridades sanitárias guineenses decidiram esta segunda-feira encerrar a clínica Madrugada por suspeita de contaminação na sequência de uma paciente que morreu naquela unidade de saúde.
Em relação ao encerramento temporário da clínica Madrugada, em Bissau, Tumane Baldé explicou que vai estar encerrada durante alguns dias para ser feita uma desinfestação.