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Nabiam diz que ações de Sissoco podem levar à guerra civil

24 de junho de 2024

Na Guiné-Bissau, antigos aliados do PR acusam-no de instrumentalizar o poder judicial e de conduzir o país para uma situação que pode resultar em guerra civil, segundo Nuno Nabiam, ex-primeiro-ministro de Sissoco.

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Foto: Presidency of Guinea-Bissau

Na Guiné-Bissau, o tom dos discursos políticos intensificou-se. Os antigos aliados do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, criticam agora abertamente o chefe de Estado. O ex-primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, endureceu as acusações este fim de semana, alertando para as consequências da alegada instrumentalização do poder judicial guineense.

"Quero chamar a atenção dos juízes, do Procurador-geral da República e de todas as instâncias judiciais que o PRS não é um partido violento. Mas se a violência chegar à tua casa, serás obrigado a reagir. E com este sistema judicial que temos, se não assumirem as suas responsabilidades em defesa intransigente do povo, vão trazer guerra civil neste país. O que Sissoco está a fazer não é nada de bom," afirmou Nuno Nabiam.

Nabiam discursava na reunião do Conselho Nacional do Partido da Renovação Social (PRS), órgão máximo entre congressos. O ex-braço direito de Sissoco Embaló acusa o chefe de Estado de conduzir a Guiné-Bissau para um caminho perigoso.

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Críticas ao sistema judicial

"O nosso sistema judicial sabe que o que Sissoco está a fazer não é correto. É fora da lei. Não é preciso ser advogado ou jurista para saber que os assuntos dos partidos são tratados nos órgãos partidários. Quem mandou atacar a casa do presidente interino do PRS, Fernando Dias, foi Sissoco Embaló. Foi ele também que mandou sequestrar o então presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Pedro Sambú, forçando a sua renúncia ao cargo. Foi um golpe institucional. Tirou Sambú e colocou Lima [André]," declarou Nabiam.

O Presidente da República reiterou que não é ditador nem violento, mas defende que "tem que haver ordem" e que as pessoas e o país precisam de estabilidade. Respondendo a várias questões levantadas pelo APU-PDGB e a outras posições políticas recentes, Sissoco Embaló disse que elegeu o combate à corrupção e que aqueles que o atacam nada podem apontar-lhe.

O Presidente afirmou que aqueles que o apoiaram agora o atacam e que os apoios que teve não foram gratuitos. "Eu paguei a quem me apoiou, ninguém me apoiou gratuitamente," referiu, concretizando que há partidos que financiou do próprio bolso com "300, 400 milhões" de francos CFA (cerca de meio milhão de euros).

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O presidente interino dos renovadores, Fernando Dias, desafia o chefe de Estado a apresentar provas das suas afirmações. "Se na verdade o Presidente pagou alguém do PRS, perguntem-lhe então a quem entregou esse valor? Onde está a prova, um documento assinado. Se Sissoco não fosse Presidente da República, diria que ele mentiu," disse Dias.

Fernando Dias acusa Sissoco Embaló de se imiscuir na vida interna do PRS. A terceira força política guineense está em crise e corre o risco de ter dois congressos esta semana. A direção de Fernando Dias anunciou um congresso extraordinário para o dia 28 "para acabar com as exigências" de um grupo de militantes que o contestam, acusando esse grupo de ser uma ala criada por Sissoco dentro do partido.

Por sua vez, esse grupo, denominado "Os Inconformados", que conta com vários dirigentes do PRS e é liderado pelo atual ministro das Finanças do Governo de Iniciativa Presidencial, Ilídio Vieira Té, marcou um congresso extraordinário para o dia 29 para a escolha do novo presidente do partido.

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Braima Darame Jornalista da DW África