Operações em Rafah visam "obstruir" negociações de trégua
9 de maio de 2024As operações israelitas na cidade de Rafah e no seu posto de passagem fronteiriça “visam obstruir os esforços dos mediadores”, declarou Ezzat al-Rishq, membro da direção política do Hamas, num comunicado, reafirmando o compromisso do movimento “em aceitar a proposta apresentada pelos mediadores”.
A delegação enviada ao Egito pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) para prosseguir as negociações sobre um eventual acordo de cessar-fogo abandonou hoje o Cairo com destino ao Qatar, sem que até agora tenha havido indicação de possíveis avanços nas conversações.
Al-Rishq sublinhou novamente que o Hamas “mantém a sua posição”, que transmitiu aos mediadores, depois de ter aceitado na segunda-feira a proposta do Egito e do Qatar, rejeitada por Israel, que na terça-feira iniciou uma incursão militar em Rafah, após emitir uma nova ordem de evacuação da parte oriental da cidade onde estão concentrados cerca de 1,2 milhões de palestinianos (metade da população daquele território palestiniano), deslocados devido à guerra de Israel contra o Hamas.
Além de considerar que a ofensiva israelita à cidade situada no extremo sul de Gaza e a tomada do lado palestiniano do posto de passagem na fronteira com o Egito pretendem dificultar os esforços dos mediadores, o responsável do Hamas sustentou igualmente que se destinam a “aumentar a agressão e a guerra de extermínio” na Faixa de Gaza, como noticiou o diário palestiniano Filastin, ligado ao movimento islamita.
Israel lutará sozinho contra Hamas
Horas antes, Al-Rishq já tinha afirmado que a aceitação pelo grupo da proposta de cessar-fogo apresentada pelo Egito e o Qatar “confundiu” o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o colocou perante “um dilema”.
“Israel não está a ser sério sobre alcançar um acordo e está a usar as negociações como cobertura para invadir Rafah”, argumentou.
Entretanto Netanyahu divulgou hoje uma intervenção sua prometendo que o país enfrentará o Hamas sozinho, se necessário, pouco após os Estados Unidos anunciarem que deixarão de fornecer armas a Israel, face à ofensiva em Gaza.
“Digo aos líderes do mundo que nenhuma pressão, nenhuma decisão de qualquer fórum internacional impedirá Israel de se defender (...) Se Israel for forçado a permanecer sozinho, Israel permanecerá sozinho”, disse Netanyahu, esta semana, por ocasião do Dia do Holocausto, num evento em Jerusalém.
“Inúmeras pessoas decentes em todo o mundo apoiam a nossa causa justa (…) Derrotaremos os nossos inimigos genocidas”, disse o primeiro-ministro israelita no vídeo hoje divulgado nas suas redes sociais.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou nas últimas horas que deixaria de fornecer armas a Israel, perante a intensificação dos ataques em Rafah, na Faixa de Gaza.