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Idosos com deficiências são abandonados em Quelimane

28 de junho de 2019

Pessoas carenciadas foram deixadas sem água e alimentos num centro de acolhimento em dezembro do ano passado. Desde então, são ignoradas pelas autoridades da província da Zambézia, no centro de Moçambique.

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Centro de acomodação a pessoas carenciadas do bairro Icidhua, em Quelimane Foto: DW/M. Mueia

Idosos carenciados estão abandonados em abrigos pelas autoridades municipais desde dezembro do ano passado no bairro Ichidua, nos arredores da cidade de Quelimane, a capital da província da Zambézia. Os idosos coabitam com outras nove famílias carenciadas com deficiências visuais, físicas e auditivas em casas que as autoridades do Conselho Autárquico de Quelimane construíram junto com parceiros da cooperação internacional.

Os carenciados dizem que desde que foram acomodados nas residências para os desfavorecidos nunca foram assistidos pelas autoridades. Segundo eles, falta comida, vestuários e outras necessidades.
"Fomos deixados aqui no centro, mas temos problemas de falta de água e de refeição. Estamos a sofrer e ninguém vai continuar a viver assim. Desde o ano passado, fomos deixados aqui por sermos doentes", reclama Vitorino José, um dos moradores.

Idosos com deficiências são abandonados em Quelimane

Sabrina Socovinho está na mesma situação. "A situação daqui é só fome. Não temos nada para comer. Com a idade que tenho o que é que vou fazer?", questiona.

Segundo Anifa José, que também vive no centro, a solução para matar a fome tem sido uma alimentação à base de folhas da mandioqueira produzida no local.

"Não sei como vamos viver. Não temos água, estamos a sofrer demais. Tiraram-nos de onde estávamos e deixaram-nos aqui sem farinha para comer. Enfrentamos muitos sofrimentos. Não nos dão nada, muito menos roupa para usarmos", lamenta.

Por sua vez, Zecas Dramusse, também um os moradores dessas residênciais, cobra uma resposta das autoridades. "Aqui estamos a sofrer. Não temos comida e nem água. Sou cego. Não consigo sozinho sair para pedir esmola à direção da ação social e o conselho municipal. Desde dezembro, nunca nos deram nada", diz.

Esforços a serem feitos?

Mosambik Seniorenheim in Quelimane
Sabrina Socovinho é vítima de abandono e reclama da falta de comidaFoto: DW/M. Mueia

A DW entrou em contato com Costa Amado, o vereador de saúde da mulher e ação social do Conselho Autárquico de Quelimane, mas este recusou ser entrevistado para falar sobre o assunto, alegadamente, por não ter autorização do presidente da autarquia de Quelimane.

Já o delegado do Instituto de Assistência Social de Quelimane (INAS), José Amora, diz que esforços estão a ser feitos com vistas à mobilização de alguns recursos que serão distribuídos depois de ser analisada a situação.

"Para que os agregados familiares se beneficiem dos programas do Ministério do Género e Ação Social, a pessoa tem que ser pobre. No programa de subsídio básico, estamos a atender pessoas idosas, com deficiências e doenças crónicas, crianças e chefes de família", explica.

"Primeiro, a pessoa tem que ser indigente identificado na comunidade. Para a pessoa idosa, o enquadramento está a decorrer. Vamos identificando novos casos para ver se no próximo ano vamos poder enquadrá-los", acrescenta José Amora.