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Imprensa angolana sofre com a censura

2 de janeiro de 2012

Jornalistas angolanos consideram que o exercício da liberdade de imprensa foi mais difícil em 2011, tendo afetado sobretudo os media privados e respetivos jornalistas, e aumentaram substancialmente os casos de censura.

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Este é um dos jornais angolanos mais reprimidos pelo governo
Este é um dos jornais angolanos mais reprimidos pelo governoFoto: Screenshot

As frequentes manifestações contra o governo, durante o ano passado, fizeram piorar as condições para o exercício da liberdade de imprensa em Angola. Na opinião de alguns jornalistas locais, 2011 foi um ano mau para os órgãos de comunicação social angolanos.

O movimento de contestação angolano, influenciado pelos acontecimentos ocorridos no Norte de África e no Médio Oriente durante a chamada primavera Árabe, teve uma grande regularidade constante durante o ano e os jornalistas, tal como os manifestantes, também acabaram por ser  vitimas da repressão policial.

A jornalista angolana Ana Margoso, e outros três colegas, foram detidos no no dia 7 de março de 2011, quando cobriam a primeira manifestação contra o governo do presidente José Eduardo dos Santos.

"2011 foi um ano muito duro que destapou o véu. Dizia-se que em Angola havia liberdade de expressão. 2011 veio provar que isso não era verdade", sublinhou Ana Margoso.

Jornalista William Tonet acusou juízes angolanos de servir ao poder político
Jornalista William Tonet acusou juízes angolanos de servir ao poder políticoFoto: VOA

Censura intensificou-se

A jornalista diz que o ano de 2011 "foi complicado sobretudo para os media privados e para os jornalistas, claro."

O jornalista Adalberto José fala mesmo de censura: "Penso que a situação da censura em angola não conheceu grandes melhorias. Antes pelo contrário. Continuamos a assistir ao mesmo cenário dos anos anteriores."

"Os órgãos privados, acrescentou, também foram atingidos pela negativa. Algumas publicações foram para o lixo por causa da censura. Os proprietários não admitiram a publicação de muitas notícias sobre certas personalidades e situações."

Os jornalistas angolanos dizem ser preocupante o fato de importantes órgãos privados terem sido comprados por investidores próximos do MPLA,  o partido no poder, a partir do segundo semestre de 2010.

Segundo Ana Margoso, foi visível que alguns órgão de informação privados alteraram a linha editoral que adotaram antes de 2011.   "Algumas matérias eram censuradas, os jornalistas estão cada vez mais apertados porque a imprensa privada em Angola passa por muitas dificuldades", sublinhou.

A jornalistas angolana considera que 2011 evidenciou com clareza os problemas da imprensa privada, em Angola, sobretudo em termos de meios para produzir conteúdos e ter acesso a boas fontes de informação.

Internet sob ameaça

Uma das medidas tomadas pelo governo de Luanda passou pela preparação de uma lei sobre tecnologias de informação, iniciada alguns meses depois das primeiras manifestações no país, para dificultar o acesso e utilização da Internet.

A internet pode ser o próximo alvo das autoridades angolanas
A internet pode ser o próximo alvo das autoridades angolanasFoto: dapd

Recorde-se que a Internet, designadamente por meio das redes sociais como Facebook, está a ser um meio de contestação usado pelas populações contra os governos dos seus países e como intrumento para  convocar manifestações e accoes de protesto.

Embora a lei ainda não tenha sido aprovada, Ana Margoso revelou que alguns sites que publicam informação crítica contra o governo e contra o MPLA foram atacados  durante 2011.

Por 2012 ser um ano de eleições gerais em Angola, alguns jornalistas admitem que o cenário na mídia angolana pode mudar como aconteceu em eleições anteriores, mas duvidam que tais mudanças sejam duradouras.

Autor: Nádia Issufo
Edição: Pedro Varanda de Castro/Bettina Riffel