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Inflação em Angola pode ficar acima dos 20% no final do ano

Lusa
30 de setembro de 2023

A inflação pode ficar acima de 20% no final do ano se o kwanza não recuperar e não forem adotadas políticas monetárias mais restritivas, estimam analistas do Banco de Fomento Angola (BFA).

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Kwanza
Moeda nacional de Angola registou queda hstórica em junho de 2023Foto: Imago Images/Panthermedia/Johan

Numa nota, a que a Lusa teve acesso, o gabinete de estudos económicos do Banco de Fomento Angola (BFA) salienta que o aumento dos preços em agosto não derivou unicamente de fatores sazonais, apontando a variação dos preços alimentares, prevendo que o trajeto da inflação mensal e homóloga se mantenha ascendente nos próximos meses.

Na última reunião do Comité de Política Monetária (CPM), realizada no dia 15 de setembro, o Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu manter inalteradas as taxas de juro diretoras, atribuindo a variação de preços a fatores sazonais e insuficiência da oferta de bens e serviços.

A inflação homóloga acelerou em agosto para 13,53%, pela quarta vez consecutiva, alcançando níveis próximos dos máximos de dezembro de 2022 (3,86%), enquanto a inflação mensal alcançou os 2,04%, o nível mais alto desde dezembro de 2021.

"Acreditamos que a inflação homóloga terminará o ano rondando os 20% ou acima caso não haja alguma recuperação do kwanza e também um forte aperto da política monetária tendo em conta que com os atuais dados relativos ao mercado monetário o BNA deixou de tornar restritiva a política monetária", refere a nota do BNA.

Os analistas preveem que a inflação poderá estar acima da meta de curto-prazo definida pelo BNA, entre 12-14%, já no mês de setembro, influenciada pela inexistência de uma inversão da taxa de câmbio.

Zungueiras,  Angola
Analistas preveem que a inflação poderá estar acima da meta de curto-prazo definida pelo BNA, entre 12-14%, já no mês de setembro Foto: Daniel Vasconcelos/DW

Restrição da política monetária

“Assim, esperamos que sejam utilizadas outras medidas de restrição da política monetária como por exemplo, o ajuste nos rácios das reservas obrigatórias e a continuação do aperto no uso das facilidades permanentes de liquidez”, adiantam.

“Observando as pressões inflacionárias dos últimos meses, acreditamos que o BNA deverá utilizar outros instrumentos de política monetária uma vez que as taxas de juro diretoras já se encontram altas. Do lado do câmbio, num cenário em que não se verificar a inversão do seu movimento, é expectável que a política monetária volte a tornar-se "mais apertada”, de acordo com os economistas do BFA.

O mercado cambial não apresentou variações significativas, uma vez que a taxa de câmbio ronda os 825 kwanzas por dólar desde meados de julho, depois de a moeda angolana ter depreciado mais de 45% no semestre passado.

“No geral, acreditamos que o BNA não tem alterado os instrumentos de condução da política monetária por estar ainda a avaliar os efeitos das medidas passadas de modo a manter o equilíbrio no mercado monetário”, mas caso a inflação continue a subir, “o BNA deverá intervir de maneira mais forte no sentido de voltar a restringir a liquidez”, defendem os analistas.

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