Inhaminga: De centro urbano a vila em ruínas
9 de agosto de 2018No tempo colonial, a vila ferroviária de Inhaminga, era considerada o segundo centro urbano da província de Sofala, depois da cidade da Beira. Hoje em dia, é uma das vilas na região com mais edifícios em ruína.
As marcas da guerra civil moçambicana ainda são visíveis nas perfurações nas paredes. Décadas depois, a vila parece ter caído no esquecimento. Enquanto outras zonas da província florescem, os edifícios têm estado a degradar-se cada vez mais em Inhaminga, que tem cerca de 20 mil habitantes.
Celestino Dique nasceu e cresceu nesta vila. Atualmente, gere um complexo residencial, que estava em ruínas, e que foi reabilitado em 1999. Defende a criação de parcerias entre as autoridades e os empresários. O objetivo, diz, é desenvolver a localidade, "dando liberdade às pessoas, aos empresários que querem [o desenvolvimento], e não criar impedimentos".
Já o ancião Elias Languitone lembra que, nos últimos anos, o Governo recuperou alguns edifícios. "Muitos escombros já foram reabilitados. Para dizer que o nosso Governo fez boas coisas", frisa.
Caminhos de Ferro com plano de reabilitação
A DW não conseguiu chegar ao contacto com as autoridades. Muitas das ruínas em Inhaminga pertencem aos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM). A empresa pública diz que está a cumprir, a pouco e pouco, um plano de reabilitação, tanto de edifícios, como de comboios.
O plano prevê a "reabilitação de tudo o que é possível reabilitar em função das possibilidades, porque não é possível reabilitar tudo de uma única vez", explica em entrevista à DW África Augusto Atumane Abdul, diretor-geral dos CFM na região centro. "Em função da necessidade e do tempo, [a empresa] tem reabilitado as infraestruturas e reaproveitado algum material circulante. O que não é possível reaproveitar é abatido", acrescenta.
A beleza de Inhaminga está a ser ofuscada pelas ruínas, comenta o agente económico António João Jone. Mas isso pode mudar, se os proprietários também começarem a "arregaçar as mangas" e a reabilitar ou a vender as suas casas, defende. "Aqueles que têm as casas em escombros, neste momento, que as possam vender para outras pessoas as reabilitarem, mantendo assim a vila como estava", diz.