Distinção de Daviz Simango gera polémica na Beira
16 de julho de 2018O município da Beira, no centro de Moçambique, foi recentemente distinguido por ter melhorado as infraestruturas e pelo trabalho realizado no que toca ao combate ao crime. O prémio foi atribuído pela PMR-Africa, uma organização internacional com sede na África do Sul, que também distinguiu o líder do Conselho Municipal, Daviz Simango - também presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) - como o presidente mais proativo do último ano.
No entanto, as distinções não agradaram a todos, especialmente aos partidos concorrentes.
Prémio "comprado" ou "merecido"?
A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) diz que os prémios foram "comprados" e não atribuídos por mérito.
Em entrevista à DW África, Manuel Severino, porta-voz do partido no poder, afirma que a atribuição desta distinção é "incoerente" e aponta o dedo a Daviz Simango: "Ele usa dinheiro do erário público para procurar entidades que conhece e comprar esses prémios, para granjear cada vez mais a opinião pública", afirma.
Também a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição, não concorda com a distinção. Albano Bulaunde, delegado político deste partido na província de Sofala, afirma que o prémio atribuído é "um insulto ao povo da Beira". E acrescenta: "Quero acreditar que, se fosse na Europa, não se atribuiríam medalhas a um presidente de município que escangalhou uma determinada cidade. Fazem isso porque nós, os africanos, deixamo-nos levar pelo dinheiro".
Mas há também quem considere que o município mereceu este prémio.
Na opinião de Falume Chabane, proprietário do jornal "O Autarca", o reconhecimento é merecido.
"Temos que perceber o histórico da Beira, o Daviz Simango, a gestão municipal da Beira é da oposição. Todos os processos têm sido difíceis. Felizmente, o comando de Daviz Simango ao nível do município da Beira tem conseguido superar todas as diferenças", afirma este cidadão.
Esta é uma opinião partilhada pelo munícipe Joaquim Timóteo: "[Daviz Simango] é um presidente que trabalha com fundos locais. Não tem tido apoio a 100% do Governo. Vimos algumas melhorias na cidade: em termos urbanização, há muitos bairros que melhoraram, têm vias de acesso, [e antes] os transportes públicos não conseguiam entrar, como é o caso do bairro de Manganhe, onde já entram".
Promessas por cumprir
Ainda assim, apesar de ter cumprido parte das promessas da campanha eleitoral, como são exemplos a reabertura do canal de Chiveve, mitigação da erosão costeira e construção da Praça dos Professores, há vozes que entendem que Simango fez pouco pelo munícipes.
Paulo de Sousa, académico do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande, é uma delas: "[na zona de] Manganhe não se passa… e está tudo um caos aqui no [bairro de] Matacuane. Não se vive perfeitamente. Então, a questão que se coloca é até que ponto há legitimidade de a um município como este ser atribuído um prémio? Qual é esse júri, está com os olhos fechados?"
Também Albano Bulaunde, da RENAMO, afirma que Daviz Simango não cumprirá as promessas eleitorais que fez. "Enganou os beirenses. O que ele prometeu que havia de fazer não está a fazer. Aliás, ele está a agir como a FRELIMO", diz.
Na semana passada, o edil da Beira lançou a primeira pedra para a construção de uma unidade policial no bairro de Inhamizua e ofereceu uma viatura à corporação.