Jovens desafiados a fiscalizar eleições em Angola
25 de janeiro de 2017Cada jovem deve "fiscalizar o voto" nas eleições deste ano, defende Mbanza Hamza, um dos 17 ativistas angolanos condenados no ano passado por crimes de atos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores.
O ativista falava esta terça-feira (24.01) à DW África à margem de uma mesa-redonda sobre "Juventude, cidadania e participação nas eleições". O debate decorreu à porta do edifício da União dos Escritores Angolanos (UEA), porque a associação cancelou a realização do evento, denunciou Walter Ferreira, o coordenador da Plataforma Juvenil para a Cidadania (PJC), que organizou a iniciativa.
Vários jovens foram impedidos de aceder a uma das salas de conferências da UEA, local onde estava previsto o debate sobre a participação da juventude angolana nas eleições de 2017. Segundo Walter Ferreira, não há "justificação plausível" para o sucedido.
"Pedimos a sala, emitimos um pagamento, mas a sala não foi cedida. Estão a coartar a nossa liberdade de participação porquê?", questiona.
O coordenador da PJC garantiu que a sua organização vai processar judicialmente a UEA por danos morais. "Há jovens que saíram de outras províncias, que com muito esforço chegaram a Luanda para trocar ideias com outros jovens", sublinha.
Boicote eleitoral?
O tema acabou por ser discutido à porta da UEA, onde os jovens apresentaram as suas ideias sobre a participação nas eleições que se avizinham. Há quem defenda o boicote das eleições, como é o caso do rapper Mbambi. "Para votarmos corretamente, devia haver educação eleitoral e os partidos políticos deviam contribuir para isso ", defende.
Segundo Mbambi, em Angola ainda se vota de acordo com as origens - étnicas e religiosas. "São problemas que devemos ultrapassar e depois exercermos corretamente o nosso direito de voto", diz.
"Não podemos esquecer que estamos numa ditadura, não há transparência, nem na família, nem no emprego e nem nas escolas. Estas são as razões que me levam a não votar e quero que todos não votem", justifica o músico.
O jovem Mário Tavares discorda da ideia de boicote ao voto que, a seu ver, não vai resolver o problema do país. "Se a sua vontade for pela mudança, acho que se deve votar. E se a sua vontade for para a manutenção de quem está no poder, acho também que se deve votar", explica.