Jovens fazem nova manifestação neste sábado em Luanda contra o Governo de Angola
1 de setembro de 2011A manifestação da juventude neste sábado (03.09.), em Luanda, que tem como objetivo derrubar o presidente José Eduardo dos Santos - no poder há 32 anos - promete ser a maior de todas realizadas até agora. Dionísio Gonçalves Casimiro, popularmente conhecido como "rapper" Carbono Casimiro, diz que o trabalho de mobilização está sendo realizado nos bairros e desta vez o protesto terá um apoio muito maior da população. A intenção dos jovens, segundo o porta-voz do grupo, é permanecer na Praça da Independência até que as reivindicações sejam ouvidas, mesmo que para isso leve uma semana, um mês ou até mesmo um ano.
"Estamos dispostos a dar nosso sangue por essa mudança. Nosso objetivo será ficar lá no Largo da Independência até que as nossas exigências sejam levadas em consideração. Se tivermos que fazer greve de fome ou qualquer tipo de sacrifício, vamos fazer", afirma Casimiro.
Desde o início do ano, os jovens estão convocando protestos na capital angolana. O primeiro estava marcado para o dia 7 de março, mas nunca chegou a acontecer porque as pessoas que estavam no local da manifestação, incluindo jornalistas, foram detidas pela polícia. A segunda mobilização, no dia 2 de abril, foi bem sucedida, sem interferência da força policial mas, no dia 25 de maio, os manifestantes voltaram a ser detidos.
Manifesto Público denuncia desigualdade em Angola
Um Manifesto Público, enviado a embaixadas e organizações internacionais e assinado por Casimiro e outros três jovens - Gaspar Luamba, Afonso Mayenda e Alexandre Dias dos Santos -, denuncia que o crescimento econômico do país não se reflete na vida dos angolanos e que é preciso retirar o presidente do poder. Além disso, os jovens exigem a democratização e a despartidarizacao dos órgãos públicos, como a comunicação social e a polícia.
Os organizadores apresentam-se como "um grupo de jovens, membros da sociedade civil de vários estratos sociais que dentro dos parâmetros da Constituição tem vindo a exercer pressão sobre os líderes políticos angolanos". Carbono Casimiro diz que "o presidente não é legítimo porque não foi eleito".
"José Eduardo dos Santos até agora não foi eleito e, muita gente, discorda disso, ainda por cima uma posição prolongada, de 32 anos. Queremos que esse governo saia urgentemente", afirma.
Partidos de oposição apoiam protesto
A oposição política de Angola também se junta aos jovens que vêm liderando manifestações desde o início do ano em Luanda. Sidiangani Mbimi, líder do Partido Democrático para o Progresso de Alianca Nacional (PDP-ANA), afirma que a manifestação é um direito da população. "Pensamos que a manifestação é bem vinda porque o povo está atravessando situações muito difíceis, que não nos levam a uma verdadeira democratização do país, sobretudo dos processos eleitorais do nosso país", diz o político.
Mbimi também critica o governo de José Eduardo dos Santos, principalmente no que diz respeito às desigualdades sociais e a violência que existe no país: "Os governantes estão no poder desde 1975 e não dão água, energia nem escola ao povo. A população está totalmente mergulhada na miséria. Os políticos são mortos na rua, aos tiros, por que defendem a democracia e a liberdade", denuncia o líder do PDP-ANA.
Francisco Vieira Lopes, do Bloco Democrático (BD), também se manifestou a favor do protesto marcado para o próximo sábado. O político diz que há um problema grave em Angola que é a falta de liberdade de expressão e, portanto, "todos os atos que vão neste sentido de despertar os direitos de cidadania são bem vindos". Segundo Lopes, os organizadores já mostraram ser sérios, por isso, o Bloco Democrático apoia o movimento.
Autora: Daniella Zanotti
Edição: António Rocha