Zimbabué: ações militares contra Mugabe "constitucionais"
25 de novembro de 2017"As ações das Forças de Defesa Zimbabueanas visaram impedir que pessoas próximas do ex-Presidente Robert Mugabe usurpassem os seus poderes constitucionais", segundo declaração do tribunal, citada pela televisão nacional ZBC.
O magistrado George Chiweshe afirmou que as ações militares asseguraram que pessoas não eleitas não possam exercer funções executivas, numa aparente referência à esposa de Robert Mugabe, Grace Mugabe.
Um porta-voz dos generais negou, este sábado (25.11), qualquer tentativa de golpe de Estado contra o Governo, assegurando que as operações visavam eliminar "criminosos" da comitiva do chefe de Estado.
No entender do Presidente do Supremo Tribunal, foi ilegal o afastamento de Emmerson Mnangagwa como vice-Presidente por parte de Robert Mugabe, ação que desencadearia a crise política no país.
Críticas
As decisões do juiz foram rapidamente criticadas por especialistas em leis e direitos humanos e por aliados próximos da família de Robert Mugabe.
A diretora para a África Austral da Human Rights Watch reagiu ao pronunciamento da Justiça. "Estranho, sistema judicial capturado?", questionou Dewa Mavhinga na rede social Twitter.
Depois do afastamento Emmerson Mnangagwa da vice-Presidência, a 6 de novembro, os militares do Zimbábue enviaram tanques para as ruas na noite de 14 de novembro. O exército assumiu o controlo da emissora estatal, anunciando que Robert Mugabe estava em prisão domiciliária.
O movimento militar levou o partido no poder, ZANU-PF, a voltar-se contra o então Presidente, lançando processos de impugnação contra Mugabe. A sua demissão foi anunciada no Parlamento na terça-feira (21.11).
Emmerson Mnangagwa regressou depois ao Zimbabué, tendo prestado juramento como chefe de Estado na sexta-feira (24.11).