Kabila em Angola não comenta recandidatura às presidenciais
2 de agosto de 2018Falta menos de uma semana para terminar o prazo para a entrega das candidaturas às presidenciais congolesas de 23 de dezembro. Em Luanda, capital de Angola, onde chegou esta quinta-feira (02.08), para uma visita de trabalho, o Presidente Joseph Kabila não disse se se recandidata ou não. No final de um encontro com o seu homólogo angolano, João Lourenço, Joseph Kabila preferiu enaltecer as relações económicas e comerciais com Angola, que pretende reforçar.
João Lourenço diz ter recebido de Kabila garantias de que o processo eleitoral na República Democrática do Congo (RDC) decorre dentro da normalidade. "Temos a obrigação de cultivar permanentemente os laços de amizade e de cooperação e de preferência estabelecermos negócios entre os nossos Estados, empresas, populações - coisa que já vem sendo feita ao nível das nossas fronteiras", deu conta João Lourenço, acrescentando que o encontro em Luanda servirá ainda para "falar do momento particular que a RDC está a viver."
Seguirá Kabila a Constituição?
Ainda não está claro se Kabila, que está no poder desde 2001 e está prestes a terminar o segundo mandato, vai ou não concorrer às eleições deste ano. O que é certo é que a constituição da RDC prevê apenas dois mandatos consecutivos. A imprensa congolesa fala na existência de propaganda nas ruas da capital Kinshasa com o rosto do atual chefe de Estado.
Entretanto, aumenta a pressão internacional para garantir que as eleições de dezembro sejam justas. "Existe uma certa pressão diplomática [na RDC para] que se cumpram os acordos de São Silvestre, que preveem que o Presidente Kabila não concorra a um terceiro mandato e Angola vai tentando fazer com que o Presidente cumpra o acordo", explica Osvaldo Mboco, especialista em relações internacionais, em entrevista à DW África.
O regresso de Bemba
Duas conhecidas figuras congolesas preparam-se para concorrer às eleições de 23 de dezembro: o ex-vice-presidente Jean Pierre Bemba, que regressou esta quarta-feira à RDC, depois de 11 anos fora, e o líder da oposição Moïse Katumbi.
O mesmo analista frisa que o regresso de Bemba "altera significativamente o xadrez político" na RDC, pois trata-se de "uma figura que goza de prestígio". "Já estevena vice-presidência, conhece muito bem as questões ligadas à segurança e à gestão do próprio país. E forçou o Presidente Kabila a ir a uma segunda volta em 2006. Temos aí uma figura para fazer peso ao nível da oposição", afirma.
Osvaldo Mboco sublinha ainda que o cumprimento da lei é vital para evitar um potencial conflito pós-eleitoral, à semelhança do que está acontecer no Zimbabué, onde a oposição alega fraude no escrutínio de segunda-feira (30.07).
"É apanágio em África, quem perde eleições alega sempre fraude eleitoral. Então, é fundamental, uma organização e uma gestão transparente. É fundamental evitar que se cometa erros de gestão, evitar que eleitores vão votar em outras zonas, evitar que não existam cadernos eleitorais. Deve-se evitar todos esses elementos que perigam a estabilidade", diz o especialista.