ONU alerta para "escalada" do conflito na Líbia
31 de dezembro de 2019As declarações do enviado das Nações Unidas à Líbia, Ghassan Salame, foram divulgadas esta segunda-feira (30.12), depois que a Presidência da Turquia enviou para análise no Parlamento uma moção que permite mandar tropas turcas para o país do norte africano.
Em entrevista ao jornal francês Le Monde, o enviado da ONU disse que os acordos assinados entre Ancara e o Governo de Tripoli representam "uma clara escalada do conflito" na Líbia.
Ghassan Salame também lamentou o que chamou de "internacionalização do conflito", que se aprofundou ainda mais este ano, atraindo uma infinidade de forças e poderes externos. "Vimos mercenários de várias nacionalidades, incluindo russos, chegando (à Líbia) para apoiar as forças do marechal Haftar em Tripoli", disse.
Comunidade internacional preocupada
O Egito convocou para esta terça-feira (31.12) uma reunião urgente da Liga Árabe, com sede no Cairo, para discutir "desenvolvimentos na Líbia e a possibilidade de uma escalada" dos conflitos no país.
Antes do encontro com os árabes, o Presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi falou com o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, esta segunda-feira ao telefone sobre "os riscos de uma escalada militar" na Líbia.
A Presidência francesa informou que ambos apelaram "à maior contenção" do "conjunto dos atores internacionais e líbios". Os dois chefes de Estado "exprimiram a sua vontade de que um acordo político seja encontrado no quadro das Nações Unidas (...) para restaurar a unidade e a plena soberania da Líbia", acrescentou o Eliseu.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, abriu na quinta-feira da semana passada o caminho a uma intervenção militar direta da Turquia na Líbia, anunciando uma votação em breve no Parlamento sobre o envio de tropas para apoiar o Governo de Tripoli, que enfrenta o marechal Khalifa Haftar, que controla o leste do país africano e lançou em abril uma ofensiva para se apoderar de Tripoli.
Haftar é apoiado pelo Egito, os Emirados Árabes Unidos e a Rússia. Entretanto, Macron e Sissi "concordaram agir em estreita coordenação" para facilitar um "relançamento decisivo das negociações inter-líbias".