Líderes das manifestações em Luanda foram condenados e a defesa decide recorrer
12 de setembro de 2011No rol de condenações há ainda 45 dias para vários outros jovens, duas penas suspensas e três absolvições. A defesa anunciou recorrer do veredito dos juízes. No entanto, só no início da noite a sentença foi lida depois de várias horas de espera, num desgaste psicológico para os jovens inicialmente acusados de arruaça, seus familiares e jornalistas.
Enquanto isso, aguarda-se para esta terça-feira (13.09), o início do julgamento de cerca de trinta outros jovens que se solidarizaram com os primeiros e detidos pela policia quando estavam a caminho da embaixada norte americana, em Luanda.
Atenções viradas para um outro julgamento que começa na terça-feira
Com este cenário na capital angolana, as atenções estão agora voltadas para o segundo julgamento de jovens, estes também detidos na sequência das manifestações, mas por marcharem para a embaixada americana quinta-feira (08.09), para denunciar suposta brutalidade policial nos arredores do Tribunal de polícia.
Os 30 jovens estão na cadeia de alta segurança de Kakila, nos arredores de Luanda. Até esta segunda feira os familiares não tinham acesso aos detidos e muito menos os advogados.
Um dos jovens conhecido por Alcibíades Kopumi, está em greve de fome.
Há também relatos de violência. A DW apurou de agentes dos serviços prisionais que os interrogatórios estão a ser dirigidos por oficiais superiores dos serviços de inteligência.
O professor universitario Constantino Kalei diz que é claro, que "não há interação entre as políticas do governo e os anseios da população".
Os jovens elegeram como alvo José Eduardo dos Santos e não o MPLA
O alvo dos jovens manifestantes "tem sido o presidente José Eduardo dos Santos, há 32 anos no poder e não o seu partido, o MPLA", afirma ainda o Professor Kalei.
Por seu turno o ativista cívico Fernando Macedo e ex-presidente da AJPD - Associação Justica, Paz e Democracia - é crítico perante o desempenho das autoridades quando se trata de manifestações em Angola e afirma que "a atuação dos agressores à paisana, mas que têm conexões com a polícia foi uma vergonha".
Ao considerar de "inaceitável" o que se passou em Luanda, Macedo acrescentou que "qualquer decisão do tribunal em condenar os jovens é uma injustiça e mais uma prova, que este país (Angola) tem um dono".
Entretanto, o clima em Luanda continua tenso. Vários jornalistas viram os seus passos limitados quando se dirigiam ao tribunal de policia nesta segunda-feira (12.09).
Alguns deles foram obrigados a permacerem horas a fio no exterior da sala de audiências.
A polícia continuava com os seus meios ativos, fardada ou a paisana, em locais estratégicos do centro da capital angolana.
Autor: Manuel Vieira (Luanda)
Edição: António Rocha