Macron ou Le Pen? Franceses escolhem novo Presidente
5 de maio de 2017Os candidatos à Presidência francesa representam "mundos" opostos. Um deles, o centrista Emmanuel Macron, é liberal, pró-Europa e considerado como "um produto da elite", bem-visto no meio empresarial. A desafiá-lo está a candidata de extrema-direita Marine Le Pen, anti-imigração, antissistema e anti-Europa, do agrado das classes populares.
"Não são apenas duas personalidades, dois projetos, mas duas conceções da França, da Europa e do mundo", resumiu o chefe de Estado cessante François Hollande.
Ao longo da campanha presidencial, Le Pen usou métodos semelhantes aos do Presidente norte-americano Donald Trump para impressionar o eleitorado: inflamou medos e prometeu um retorno a alegados bons velhos tempos, declarando repetidamente nos seus comícios que "as fronteiras nacionais serão reerguidas!"
Já o centrista Emmanuel Macron defende fortemente a permanência da França no bloco europeu. Em janeiro, numa conferência em Berlim, Macron disse que defende "uma Europa dos Estados soberanos". "Não posso relegar a ideia da soberania à extrema-direita ou esquerda, com as mentiras deles", acrescentou o candidato.
No "centro" está a virtude?
Os eleitores franceses estão, sobretudo, preocupados com a taxa desemprego de 10% e o declínio da qualidade de vida, segundo os inquéritos feitos na última semana. Em segundo lugar na lista de preocupações surgem a situação de segurança no país e a ameaça do terrorismo.
Até agora, as soluções de Macron parecem convencer a maior parte dos eleitores: o candidato centrista aparece como o favorito nas sondagens, com cerca de 60% das intenções de voto.
"Macron é algo de novo na política francesa", explica o politólogo franco-alemão, Alfred Grosser. "Sou totalmente a favor dele, pois ele diz que, quando uma proposta vem da direita e é boa, deve ser levada em consideração; e quando se trata de uma proposta da esquerda, também deve ser considerada. Ele posiciona-se no meio, o que é muito incomum nas eleições presidenciais em França".
Esta quarta-feira, no último debate televisivo antes da segunda volta das presidenciais, Marine Le Pen e Emmanuel Macron trocaram duros ataques na tentativa de conquistar os eleitores indecisos.
Le Pen acusou o centrista de ser "complacente com o terrorismo islâmico", afirmando ainda que o candidato daria continuidade ao mandato do atual Presidente, François Hollande. Já o Macron acusou a rival de estar a esconder um projeto para aumentar os impostos e financiar as suas ambições nacionalistas, acrescentando: "Você faz a guerra contra o terrorismo na televisão, mas cada vez que há propostas no Parlamento Europeu, você não as vota".
Numa sondagem divulgada após o final do debate, o candidato centrista foi considerado mais convincente do que a rival por 63% dos entrevistados; 34% escolheram Le Pen. Prevê-se que a taxa de abstenção possa ultrapassar os 22% nas eleições de domingo.