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Mali, Senegal, Sudão nas páginas dos jornais alemães

30 de março de 2012

Mali depois do golpe de Estado. Senegal: Macky Sall derrota Abdoulaye Wade nas presidenciais. Sudão e Sudão do Sul: regressaram os confrontos. Eis os destaques da revista da imprensa alemã da semana.

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Revista de imprensa
Revista de imprensaFoto: Fotolia
Militares malianos têm até segunda-feira (02.04.) para entregar o poder a um governo civil
Militares malianos têm até segunda-feira (02.04.) para entregar o poder a um governo civilFoto: Reuters
Apoiantes do candidato da oposição, Macky Sall, às presidenciais senegalesas festejam a sua vitória
Apoiantes do candidato da oposição, Macky Sall, às presidenciais senegalesas festejam a sua vitóriaFoto: REUTERS

"Guerra, golpe de Estado e tuaregues": assim analisa o Frankfurter Rundschau a situação no Mali: "o conflito com os tuaregues parecia estagnado – até que o derrube do regime [do ex-presidente líbio] Muammar Kadhafi empurrou os guerrilheiros da Líbia de volta para o Mali".

Recorde-se que os tuaregues, grupo fiel a Kadhafi, regressaram ao Mali, entre outros países, depois da morte do ditador – e regressaram equipados com armas de arsenais líbios. Para combater estes rebeldes tuaregues no norte do país, os militares malianos não têm meios. E foi precisamente isso que levou ao seu descontentamento que, por sua vez, levou ao golpe de Estado de 22 de março.

Agora, "os militares têm até à próxima segunda-feira, dia 2 de abril, para restabelecer a ordem no país", noticia o Süddeutsche Zeitung, que cita a exigência feita pelos membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, CEDEAO, estabelecida numa cimeira em Abidjan, na Costa do Marfim. A Comunidade decidiu ainda suspender o Mali da organização e disse querer uma transição política dirigida por Dioncounda Traoré, presidente da Assembleia Nacional dissolvida pela junta militar.

Se os autores do golpe de Estado não respeitarem o ultimato, ou seja, "se não entregarem o poder a um governo civil", continua o jornal de Munique, "serão aplicadas sançõoes" contra Bamako, ameaçou a CEDEAO.

"Transição pacífica com estilo"

No Senegal, vizinho do Mali, o poder também mudou de mãos: o presidente cessante Abdoulaye Wade, que, ao fim de doze anos no poder, concorreu às últimas presidenciais para um terceiro mandato, foi vencido na segunda volta do escrutínio, ficando atrás do líder do maior partido da oposição, Macky Sall.

Na primeira volta, Wade tinha ainda arrecadado cerca de 35% dos votos, enquanto Sall tinha apenas cerca de 26%. Wade contava já com vitória, mas depois, como lembrou o Süddeutsche Zeitung, acabou por admitir a sua derrota e "ligou ainda na noite de domingo ao concorrente para o felicitar". Por seu turno, Sall disse "querer ser o presidente de todos os senegaleses". Naquele mesmo dia, continuou Sall, começava para o seu país "uma nova era".

Enquanto o ex-primeiro ministro Sall tinha marcadao a sua campanha eleitoral com a intenção de "criar mais empregos no interior do país e impedir o aumento dos preços dos alimentos", a candidatura de Wade não só foi polémica desde o início (por este se recandidatar ao fim dos dois mandatos permitidos pela Constituição do país) mas "a sua campanha também ficou manchada por protestos violentos que levaram à morte de várias pessoas", escreve o Süddeutsche Zeitung.

O ambiente é de "festa popular", segundo o Frankfurter Rundschau, o que segundo o diário, se poderá explicar "com base na promessa de Sall de baixar os preços dos alimentos". Quanto ao telefonema de Wade, o Frankfruter Rundschau faz uma retrospetiva: "doze anos antes, Abdou Diouf, o presidente senegalês de então", assim se lê no jornal de Frankfurt, "tinha telefonado a Wade para o felicitar pela vitória pela qual o político de oposição tinha lutado mais de 20 anos".

A situação dos habitantes do estado do Cordofan do Sul continua precária
A situação dos habitantes do estado do Cordofan do Sul continua precáriaFoto: picture alliance/dpa

O rapper Awadi, citado no artigo intitulado "Transição pacífica com estilo", afirma que "Wade fez algo grandioso. Não pode ter sido fácil para ele".

Relações tensas na fronteira Sudão – Sudão do Sul

No Sudão e no Sudão do Sul, a situação continua tensa. No passado mês de fevereiro, os dois governos assinaram um acordo de não agressão mútua. Mas já pouco depois, aldeias do Sudão do Sul foram bombardeadas pelo vizinho do norte. Esta terça-feira, os ataques repetiram-se na região de fronteira entre os dois países. O Tageszeitung chamou de "guerra pelo petróleo" aos recentes confrontos. O diário de Berlim relata que, por dois dias consecutivos, a força aérea do Sudão bombardeou alvos no Sudão do Sul, "depois de o governo [de Juba] ter confirmado o envio de tropas para o norte".

O suíço Neue Zürcher Zeitung informa que este é o "primeiro conflito armado declarado abertamente" desde a separação do Sudão do Sul do Sudão em julho de 2011. Ora, assim continua o jornal de Zurique, "a altura não pode ser casual": no início deste mês "parecia que finalmente os mediadores nas negociações entre Cartum e Juba estavam a fazer progressos".

Parecia mesmo que Cartum "se aproximava da questão da entrada de ajuda humanitária na região do Cordofão do Sul e para a próxima terca-feira (01.04) estava marcada uma cimeira entre os dois chefes de Estado em Juba". Só que na segunda-feira (26.03), al-Bashir cancelou o encontro.

Ainda no mesmo dia, acrescenta o Süddeutsche Zeitung, o presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, anunciava que "o Sudão tinha atacado (...) o estado de Unity (Unidade)". Entretanto, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, exigiu o fim da violência.

Autora: Marta Barroso
Edição: Renate Krieger