Maputo acorda com segurança reforçada em dia de greve geral
14 de julho de 2022O grupo de cidadãos Agastados e Desesperados com a Crise no País (ADCP) convocou para esta quinta-feira (14.07) os profissionais dos setores de transporte, comércio e de outras atividades a uma greve geral em todas as cidades moçambicanas, a partir das seis horas da manhã.
O protesto inclui uma marcha de cidadãos e deve-se à subida do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), bem como ao aumento dos preços dos combustíveis, dos "chapa 100" e do pão. Corrupção e má governação também estão na origem do protesto, segundo os organizadores.
De acordo com o correspondente da DW em Maputo, Romeu da Silva, que está desde cedo na Praça dos Combatentes, a zona mais movimentada no centro da capital moçambicana e de risco de ocorrência de escaramuças, como já aconteceu no passado, o ambiente é de calma, mas também de forte presença policial.
Segundo confirmou também a DW, os transportadores coletivos de passageiros, vulgo "chapas", estão a circular e a transportar as pessoas, ao contrário do que se receava. Mas na zona mais a oeste da capital circulam notícias de alguma tensão registada logo pela manhã.
PRM em alerta
A Polícia da República de Moçambique (PRM) anunciou ontem o reforço do "patrulhamento ostensivo, com maior incidência nos centros urbanos, principais vias e terminais rodoviários", face à circulação de mensagens convocando uma manifestação nacional em protesto contra o elevado custo de vida no país.
"A Polícia da República de Moçambique está em alerta e em prontidão operacional", disse o porta-voz do comando-geral da PRM, Orlando Modumane, em conferência de imprensa em Maputo.
As autoridades não conseguiram identificar a autoria das mensagens, considerando que este facto pode provocar "atos de violência, vandalismo e desordem pública generalizada", acrescentou o porta-voz.
"A PRM continuará a exercer a devida autoridade, tomando, sempre que necessário, todas as medidas de polícia coercitivas, proporcionais e legalmente justificáveis, em todo o território nacional", frisou Orlando Modumane.
Tensão em Maputo
As mensagens começaram a circular no início da semana e geraram alguma tensão entre os populares na capital moçambicana. Algumas instituições, desde creches a organizações não-governamentais (ONG), chegaram mesmo a cancelar atividades por receio da alegada manifestação.
Entretanto, a Organização dos Trabalhadores de Moçambique, que ameaçou recentemente promover uma manifestação em todo país em protesto contra o elevado custo de vida, apelou à calma face as mensagens em circulação, pedindo que a massa laboral moçambicana não se envolva em situações de violência e que siga orientações da central sindical.
Em 2008 e 2010, o aumento do preço de transporte rodoviário, acompanhado do agravamento do custo dos bens e serviços essenciais, gerou revoltas populares nalgumas das principais cidades do país, resultando em confrontos com a polícia e destruição em alguns locais.