Ministra angolana da Saúde: "Ninguém vai ficar impune"
20 de junho de 2020"Temos apelado aos angolanos para o cumprimento das medidas do estado de calamidade, quer das medidas sanitárias, mas há problemas de consciencialização da dimensão do problema que estamos a enfrentar. Só assim se compreende que as pessoas, de forma leviana, furam as cercas sem saber que estão a colocar-se em risco a elas próprias e outras pessoas que possam encontrar", disse Sílvia Lutucuta, em conferência de imprensa, em Luanda, na sexta-feira (19.06).
Esta semana, Angola anunciou os primeiros casos de infeção por Covid-19 fora de Luanda, na província do Kwanza Norte, devido à violação da cerca sanitária.
"Não vamos dizer que há vulnerabilidade na cerca. Nós temos fronteiras entre as províncias, temos caminhos fiotes [trilhos]. Depende da consciência da pessoa, a pessoa tem de perceber que não tem de furar a cerca sanitária e tem de conhecer bem as medidas que são tomadas contra aqueles que furam a cerca", destacou a ministra, acrescentando que a consciência dos cidadãos é que dita, em parte, a vulnerabilidade.
"Quem furar a cerca sanitária vai ser severamente punido, já estão a ser presas pessoas, estão a ser julgadas sumariamente", avisou a governante, frisando que "ninguém vai ficar impune".
Levantamento parcial da cerca sanitária
A ministra adiantou que está previsto o levantamento da cerca sanitária no bairro Hoji Ya Henda a partir deste sábado (20.06), mantendo-se a da clínica Multiperfil, na província de Luanda.
Indicou, ainda, que quando se levanta uma cerca é feita uma avaliação de risco, assegurando que além da situação sanitária, o Governo tem também avaliado a situação social da área do Hoji Ya Henda, que é "precária e difícil", continuando a manter a vigilância.
"Nada nos pode dizer que com ou sem cerca não venham a surgir casos, mas podemos garantir que, em termos de saúde pública e vigilância epidemiológica, foram tomadas as medidas recomendadas", disse Sílvia Lutucuta.
Respondendo ainda às perguntas dos jornalistas, a ministra avaliou positivamente o trabalho da Organização Mundial de Saúde (OMS), que tem "apoiado todos os países" e tem estado a fazer "o seu melhor", apesar de ter sido "apanhada de surpresa".
"A OMS não ficou fora das dificuldades e dos desafios que temos de enfrentar (...), mas estão a fazer o seu melhor", salientou, considerando que a organização teve uma "atitude de humildade" e reconheceu que as orientações devem ser sempre avaliadas no contexto de cada país.
Na sexta-feira, Angola anunciou seis novas infeções com o novo coronavírus, elevando o número total de casos para 172.