Chefe da diplomacia alemã promete ajudar o Mali
8 de abril de 2017Foi uma visita relâmpago: o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Sigmar Gabriel, esteve apenas um dia no Mali. Juntamente com o homólogo francês, Jean-Marie Ayrault, visitou a base da força da ONU no país, a MINUSMA, na cidade de Gao, no norte, onde se encontrou com o contingente alemão e francês. Gabriel classificou a situação na região como "uma das maiores crises”, marcada pelo terrorismo e pela fuga da população.
Os dois ministros seguiram depois para a capital, Bamako, onde foram recebidos pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keita.
O Mali está em crise desde a insurgência tuaregue e um golpe militar, há cinco anos. Combatentes extremistas islâmicos ocuparam o norte do país. Com a intervenção das tropas francesas, foram expulsos em 2013. O Governo e vários grupos rebeldes assinaram um acordo de paz e cerca de 11 mil tropas da ONU são responsáveis por garantir a segurança. Mais de 780 destes soldados são alemães.
Ataques todas as semanas
"Todas as semanas há ataques e assaltos a várias instalações”, diz um comandante alemão, descrevendo a situação de violência no norte do Mali, onde os grupos rebeldes, na maioria radicais islâmicos, se recusam a participar no acordo de paz.
Dois dias antes da visita dos chefes da diplomacia alemã e francesa, um soldado francês morreu na região de Douentza, perto da fronteira com o Burkina Faso, num ataque reivindicado por uma nova formação radical islamica que reúne vários grupos do Sahel. Durante a visita, recordaram-se também os diversos ataques contra funcionários da ONU no país.
Ponto-chave da diplomacia alemã
O Mali é um país-chave para a Alemanha. Prova disso é a lista das visitas alemãs ao país: no ano passado, incluiu a chanceler Angela Merkel, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Frank-Walter Steinmeier e o Presidente alemão, Joachim Gauck.
O Mali é um dos países de trânsito para os refugiados a caminho da Europa. "Queremos e precisamos de ajudar”, afirma Sigmar Gabriel. "O Mali é um país de baixos rendimentos, muitos jovens não vêem oportunidades para ficar aqui.”
Fuga para a Europa, criação de melhores condições em África, estabilização dos estados vulneráveis: são as frases que marcam a actual política alemã para África. O elevado número de refugiados africanos fez estremecer a estratégia de Berlim. A chanceler Angela Merkel declarou África o foco da presidência alemã do G20.
Os membros do Governo alemão têm vindo a propor vários conceitos para o desenvolvimento do continente. O ministro do Desenvolvimento, Gerd Müller tem estado a promover o seu "Plano Marshall para África”. O ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, coordena o "Compact for Africa”, um projeto que visa estimular o investimento privado internacional no continente. A ministra da Defesa, Ursula von der Leyen organizou recentemente uma conferência africana. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Sigmar Gabriel, segue agora o mesmo caminho com a visita ao Mali.
Mais infraestruturas
"Para que haja desenvolvimento, é importante a construção de infraestruturas, mas também a garantia da segurança. Não apenas em torno dos acampamentos mas também na chegada rápida a outras localizações. Por isso, temos de expandir as infraestruturas”, disse Gabriel em declarações aos jornalistas, durante a visita.
O seu homólogo francês também prometeu mais apoio ao Mali: ”Gostaria de dizer umas palavras aos nossos cidadãos da Alemanha e França. Os países africanos precisam de ajuda na implementação dos programas de educação e investimento. África tem um enorme potencial de desenvolvimento com a sua juventude”, afirmou Jean-Marie Ayrault.
No Mali, os progressos estão a ser feitos lentamente, diz o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros: "Os progresso são pequenos e estão a ser feitos passo a passo. Não podemos esperar que um conflito como este seja resolvido num curto espaço de tempo.”
Negociações com radicais islâmicos fora de questão
Ao lado dos chefes das diplomacias alemã e francesa, o ministro maliano para a diáspora e a migração, Abdramane Sylla, afirmou esta sexta-feira, em Bamako, que seria "absurdo” negociar com os radicais islâmicos que reivindicam ataques contra as forças malianas e internacionais.
Na semana passada, uma conferência de paz no Mali terminou com apelos a conversações com os líderes de dois grupos extremistas. "Num momento em que o povo maliano está a discutir a paz, alguém continua a reivindicar ataques. É absurdo negociuar com estes terroristas, especialmente porque acabam de declarar guerra a 11 países”, disse Sylla.
O ministro francês dos Negócios Estrangeiros concorda: "São terroristas. Como se negoceia com terroristas? Isto é uma luta sem ambiguidade.”