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Ministro angolano lamenta detenções de jornalistas

Lusa
12 de outubro de 2022

Após detenção de correspondente da DW durante protesto em Luanda, ministro do Interior angolano lamenta impedimentos no exercício da atividade jornalística pela polícia. E defendeu melhor identificação dos repórteres.

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DW Deutsche Welle Haus Diversity Fahne
Foto: Ayse Tasci/DW

"Nos últimos meses, registamos a reclamação de alguns jornalistas, incluindo do Sindicato dos Jornalistas Angolanos [SJA], sobre o impedimento do exercício da atividade jornalística, por parte de alguns efetivos do Ministério do Interior, situação que lamentamos", afirmou Eugénio Laborinho.

O governante, que falava durante um encontro com o SJA, na sede do ministério, em que foi abordada a detenção de jornalistas pela polícia, pediu "melhor identificação dos profissionais".

No âmbito da cooperação institucional, espera que "o SJA apele aos jornalistas a estarem mais bem identificados, no exercício da sua atividade, para facilitar o trabalho das forças da ordem, permitindo tratamento diferenciado".

O encontro foi solicitado pelo SJA na sequência de constantes relatos de detenções de jornalistas nos últimos meses, particularmente durante a cobertura de manifestações públicas, sendo que na manifestação, de sábado passado, foi detido, em Luanda, o correspondente da emissora internacional alemã Deutsche Welle, Borralho Ndomba.

Angola Luanda | Polizei verhindert Pressekonferenz in Cazenga
Ações policiais têm bloqueado protestos em Luanda (foto de arquivo)Foto: A. Cascais/DW

Marcha contra a imposição de cortes de cabelo

Borralho, já em liberdade e que cobria a manifestação contra a imposição de cortes de cabelo nas escolas, foi detido com mais 14 estudantes. A detenção do profissional que fazia a cobertura da manifestação foi reprovada, na ocasião, pelo secretário-geral do SJA, Teixeira Cândido, que pedia igualmente esclarecimentos das autoridades.

O ministro do Interior considerou ser importante a consolidação das relações entre o seu organismo e os jornalistas, referindo que "as missões de cada um refletem na atuação do outro".

"Como é do vosso conhecimento, a classe jornalística precisa da ordem e segurança públicas para desempenhar eficazmente o seu trabalho, e as forças do Ministério do Interior precisam dos jornalistas para passar à sociedade as mensagens sobre o apoio que devem prestar aos órgãos de defesa, segurança e ordem interna", defendeu.

Para o governante angolano, jornalistas e polícias "estão destinados a viver e conviver juntos" pois, argumentou, "ambos perseguem o objetivo comum de satisfazer as necessidades sociais dos cidadãos".

O ministro do Interior angolano defendeu melhor identificação dos jornalistas, principalmente na cobertura de manifestações públicas, para tratamento diferenciado
O ministro do Interior angolano defendeu melhor identificação dos jornalistas, principalmente na cobertura de manifestações públicas, para tratamento diferenciadoFoto: Borralho Ndomba/DW

"Difícil missão"

O Ministério do Interior "tem a difícil missão de fazer cumprir as leis, nos casos em que elas sejam violadas, assim como garantir o livre exercício dos direitos e liberdades dos cidadãos e das instituições públicas e privadas", assinalou.

"Queremos que as relações entre o Ministério do Interior e os jornalistas angolanos e estrangeiros sejam excelentes em conformidade com os desígnios da lei", rematou Eugénio Laborinho.

Teixeira Cândido, secretário-geral do SJA, e a presidente da Comissão da Carteira e Ética dos Jornalistas, Luísa Rogério, representaram os jornalistas neste encontro.

Pelo Ministério do Interior, além de Eugénio Laborinho, estiveram ainda presentes o secretário de Estado do Interior, José Paulino, o comandante-geral da Polícia Nacional de Angola, Arnaldo Carlos, e o diretor-geral do Serviço de Investigação Criminal (SIC), António Benje.

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