Insurgência em Moçambique na agenda de África do Sul e EUA
19 de setembro de 2022"Queremos discutir o que eu designaria de estabilidade e segurança global, particularmente em relação à nossa região onde temos tido insurgentes visando um dos nossos países vizinhos, Moçambique", referiu Cyril Ramaphosa, Presidente da África do Sul, ao que Joe Biden retorquiu afirmativamente.
"Para nós, isso é muito importante", acrescentou o chefe de Estado sul-africano.
As declarações foram feitas antes de encontros à porta fechada e são o único sinal de que o assunto estava presente.
A África do Sul é um dos países que integra a SAMIM, missão militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que está a apoiar as tropas moçambicanas em Cabo Delgado - a par do Ruanda.
O prolongar da ajuda militar externa tem levado Moçambique a solicitar o apoio de parceiros internacionais para suportar os custos da operação.
Os EUA, tal como a Europa, têm apoiado Moçambique sobretudo através de ações de treino de militares, além de serem um dos principais doadores noutras áreas.
A capacitação das forças armadas moçambicanas tem sido um objetivo apontado por todos os intervenientes, por forma a tornar as tropas autónomas. As autoridades norte-americanas têm divulgado diversas informações que detalham o alegado envolvimento do grupo Estado Islâmico na violência armada.
Os ataques levaram à suspensão dos projetos de gás na região, o maior investimento privado em África e que envolve financiamento e empresas norte-americanas.
A insurgência já dura há cinco anos levou a uma resposta militar desde 2021 por forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas levando a uma nova onda de ataques noutras áreas.
As autoridades têm classificado as incursões mais recentes como reações dispersas dos insurgentes de Cabo Delgado, em fuga, ao tentar sobreviver à ofensiva das tropas que os perseguem.
Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.