População condenada a beber água imprópria em Tete
12 de maio de 2024Moatize é dos pontos mais ricos de Moçambique devido à abundância de recursos naturais, com destaque para o carvão mineral. Paradoxalmente a esta realidade, a população vive no limiar da pobreza extrema, onde falta quase tudo, sendo a água potável um dos problemas mais graves.
Os que podem optam por comprar água engarrafada, mas boa parte da população recorre aos poços desprotegidos ao longo do rio Moatize, próximo das minas de carvão que emitem poeiras que acabam por afetar a água consumida.
"É uma água muito turva; nós mesmos quando vemos aquela água ficamos muito preocupados, questionamo-nos, será que não ficaremos doentes por causa dessa água, mas fazer o quê?", pergunta Helena Manuel, habitante do Bairro da Liberdade.
A ativista Fátima Menade, que também vive no Bairro da Liberdade, diz que a população está ciente do risco, mas não tem alternativas.
"É uma água poluída, água suja, mas devido à falta [de alternativas], temos recorrido a este rio para ir buscar água e usamo-la nas atividades de casa", admite.
As empresas têm vindo a alargar as suas áreas de exploração, situação que poderá concorrer para a extinção definitiva do rio Moatize, que por sinal já se encontra praticamente sem água.
"A situação é muito grave"
O local Pinho Pires diz ter participado em estudos para avaliar a qualidade ambiental e garante que os solos, o ar e a água naquela região estão contaminados. "Aquela água não é apropriada para o consumo humano, em suma é o que se pode dizer", disse à DW.
Pinho Pires imputa responsabilidades ao Governo. "É da responsabilidade do Governo garantir água de qualidade para a população e, a necessidade primária para Moatize é resolver o problema de água, principalmente naquelas comunidades que estão próximas à mineração. A situação é muito grave", assevera.
A empresa Águas da Região Centro (ADRC), antiga FIPAG, é a instituição do Governo responsável por levar água potável à população urbana.
Tentámos obter respostas junto desta instituição, mas a Águas da Região Centro não mostrou abertura.
A população reitera que quer soluções rapidamente. "O nosso único pedido é que o Governo tente melhorar, porque sem água não há vida", recorda Helena Manuel.