Moçambique prepara-se para época das chuvas
10 de novembro de 2014A província da Zambézia, no centro de Moçambique, tem 400 quilómetros de costa e está, por isso, bastante exposta a depressões tropicais e ciclones, associados a ventos fortes e chuvas intensas.
O Governo local conta já com cerca de 5,6 milhões de euros para fazer frente a eventuais calamidades naturais, entre dezembro de 2014 e abril de 2015.
Mas, dada a extensão da província e o número elevado de famílias que anualmente precisam de apoio alimentar e locais apropriados para se restabelecerem, o governo da Zambézia lamenta a insuficiência de fundos para cobrir as necessidades das vítimas de desastres naturais.
"Anualmente, registamos um aumento do número dos bairros de reassentamento. E este aumento devia ser acompanhado de um orçamento correspondente, mas isso é quase impossível. Sabemos que os nossos orçamentos são limitados", diz Maria Luciano, delegada do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).
Risco alto de cheias
Moçambique está na lista dos países do mundo mais vulneráveis a catástrofes naturais, segundo as Nações Unidas. No ano passado, centenas de moçambicanos morreram e 150 mil tiveram de fugir de suas casas devido às cheias na província de Gaza, no sul do país.
O Governo moçambicano já aprovou, para a próxima época chuvosa, um plano de contingência. O plano governamental prevê 23 milhões de euros para enfrentar as cheias e desastres naturais, que, no pior cenário, poderão afetar até 1 milhão de pessoas, segundo a agência de notícias Lusa. Esse montante será, depois, distribuído consoante as necessidades locais, sendo então usado para a aquisição de meios de busca e salvamento, material médico e abrigos.
O plano de contingência do governo da Zambézia, uma das províncias onde o risco é mais elevado, prevê que 170 mil pessoas sejam afetadas pelos ciclones e outras 35 mil por cheias. O plano será aprovado na próxima quinta-feira (13.11.2014) em sessão plenária.
"Para nós é um pouco difícil criarmos certas prioridades", admite Maria Luciano, do INGC. "Temos feito um trabalho com os governos distritais. Faz-se um levantamento prévio para ver a disponibilidade do material."
O chefe interino do departamento técnico do INGC, Paulo Tomas, refere que está em fase experimental o sistema de aviso prévio às comunidades por via de mensagem telefónica, envolvendo as autoridades municipais, de forma a reduzir o número de mortes e danos materiais provocados por cheias e ventos fortes.
Entretanto, muitas famílias desalojadas por ventos e chuvas fortes no início deste ano continuam a viver em condições precárias, em tendas, por falta de habitações.