RDC: Movimento pró-democracia exige libertação de ativistas
20 de janeiro de 2018O movimento pró-demoracia Filimbi exige a libertação de cinco dos seus ativistas detidos na República Democrática do Congo, temendo que estejam a ser torturados.
Os ativistas do Filimbi – que significa "assobio” em Suaíli – são acusados de "insultar o chefe de Estado e incitar à revolta”, de acordo com o seu advogado, Chris-Sam Kabeya.
Quatro dos ativistas foram detidos em Kinshasa, a 30 de dezembro, quando tentavam organizar uma marcha de protesto contra o regime de 17 anos do Presidente Joseph Kabila para o dia seguinte, véspera de ano novo.
Todos foram "detidos em total segredo na Agência Nacional de Inteligência, onde seriam torturados”, diz um comunicado do grupo citado pela agência de notícias France-Presse.
O quinto ativista foi detido uma semana antes, na cidade de Kindu, no leste do país, pelos serviços secretos do Exército e terá sido igualmente torturado, acrescenta o documento.
"Até hoje, é difícil para nós confirmar se ainda estão vivos”, escreve o movimento."Condenamos com total veemência estes actos bárbaros e exigimos a libertação incondicional dos nossos ativistas”.
Violência, detenções e tensão
O protesto anti-Kabila na passagem do ano acabou com violência e repressão das autoridades. Os organizadores afirmam que 12 pessoas morreram, enquanto a Organização das Nações Unidas contabiliza cinco vítimas mortais, embora afirme que o número possa ser "muito mais elevado”. Os especialistas da ONU foram impedidos de entrar em morgues, hospitais e centros de detenção.
Membros do movimento Filimbi são frequentemente detidos pelas autoridades da RDC, muitas vezes por se insurgirem contra Joseph Kabila. As novas detenções são mais um sinal das crescentes tensões no país, onde a oposição pede que o Presidente abandone o cargo.
Sob a mediação da Igreja católica, em 2016, um acordo permitiu que Kabila continuasse no poder até à realização de novas eleições, em 2017. Após meses de silêncio, as autoridades anunciaram que a votação terá lugar em dezembro de 2018 – um adiamento que desagrada a ativistas pró-democracia e à comunidade internacional.