Moçambique: As próximas ambições de Chiquinho Conde
12 de setembro de 2023A seleção moçambicana de futebol qualificou-se no sábado (09.09) para a fase final do Campeonato Africano de Futebol (CAN) após 13 anos de jejum. Venceu o Benim por 3-2 no Estádio Nacional do Zimpeto.
O selecionador da seleção moçambicana, e antigo capitão dos "Mambas", Francisco Queriol Conde Júnior, mais conhecido por Chiquinho Conde, fala à DW África sobre essa façanha.
DW África: Como é que o seu coração está a bater depois da vitória de sábado frente ao Benim?
Chiquinho Conde (CC): Sinto que estou mais uma vez a fazer história, a elevar bem alto o nome da minha família Conde, a escrever com letras garrafais o nosso nome e a ficar perpetuado na história do futebol moçambicano. Ainda não tivemos esse ensejo de ganhar uma grande competição, mas para lá caminhamos. É preciso sonhar e acreditar.
DW África: Como está a projetar a participação de Moçambique no CAN?
CC: Sendo ainda um motivo para festejar, não deixo de pensar e arquitetar as provas subsequentes. Temos agora em vista a qualificação para o CHAN e, pelo meio, a qualificação para o campeonato do mundo. É dentro dessa perspetiva que vamos ter todos de nos envolver, olhando para toda a equipa e para a estrutura. A estrutura é fundamental para que o nosso trabalho de scouting continue a ser desenvolvido, na busca e observação de novos talentos.
Existe sempre a possibilidade de introduzir de novos jogadores, mas, para mim, existe também a observação da continuidade de todos aqueles que fizeram parte deste grupo.
DW África: Quais são os critérios para que se possa fazer a naturalização de um jogador?
CC: Basta ter [descendência moçambicana] e ter qualidade. Essas são as minhas premissas e esse é o trabalho que nós iremos fazer, porque o nosso modelo está lá, é intrínseco, embora depois ajustemos em função do contexto em que possamos estar inseridos.
DW África: Falando em scouting, tem a impressão que a melhoria passa também por verificar quem está a evoluir bem fora de portas?
CC: Sim. Aliás, é assim em todo o mundo. Temos um leque muito curto de jogadores, pese embora tenhamos aumentado este leque de há uns anos a esta parte. Mesmo jogando em equipas de divisão inferior na Europa, os jogadores têm outras valências, que o Moçambola não lhes proporciona, e num contexto de solução, têm de ser uma mais-valia.
Para vir para a seleção nacional, qualquer jogador que milita fora tem de ser diferenciado e acrescentar valor. Caso isso não aconteça, não vale a pena naturalizar outros jogadores nem perder tempo na observação desses mesmos jogadores. Teremos de apostar na prata da casa, que é o nosso rico Moçambola. Dentro das dificuldades, devemos dar-lhes confiança para que desfrutem da condição de jogadores briosos e tecnicistas, sempre com um desenvolvimento tático constante.